sábado, 30 de agosto de 2008

Perseverança e luta



A Ordem dos Cavaleiros Templários foi instituída em 1119 por Hughes de Payns, com a anuência papal de Urbano II, tendo como objetivo dar segurança aos lugares e templos sagrados de Jerusalém, que havia sido conquistada em 1099 pela primeira cruzada.

Em 1127, o Rei de Jerusalém, Balduíno II, pediu ao Papa, sanção papal para a nova Ordem dos Templários, e solicitou-lhe para definir a regra para a vida e conduta de seus membros. Regras e normas foram dadas e a Ordem dos Cavaleiros Templários passou a ser mais do que uma instituição militar, passou a ser uma ordem de Monges Guerreiros de Cristo. Votos de castidade, benção de armas e promessas de descanso eterno, caso morressem na batalha, eram algumas das indulgências concedidas aos cavaleiros de Cristo. Nesses cavaleiros estava incutida a idéia de que matar em nome de Deus era justificável e de que morrer por Ele, santificável. Parece que o Papa, para poder atingir mais facilmente seus ideais, usou a mesma filosofia islâmica da Jihad ou guerra santa, mas com uma roupagem ideológica cristã. O abade de Clairvaux, apoiado pelo papa, desfilou um discurso acalorado em favor dos Cavaleiros Templários dando-lhes autoridade para matar em nome de Deus:

"Na verdade, os cavaleiros de Cristo travam as batalhas para seu Senhor com segurança, sem temor de ter pecado ao matar o inimigo, nem temendo o perigo da própria morte, visto que causando a morte, ou morrendo quando em nome de Cristo, nada praticam de criminoso, sendo antes merecedores de gloriosa recompensa... aquele que em verdade, provoca livremente a morte de seu inimigo como um ato de vingança mais prontamente encontra consolo em sua condição de soldado de Cristo. O soldado de Cristo mata com segurança e morre com mais segurança ainda... Não é sem razão que ele empunha a espada! É um instrumento de Deus para o castigo dos malfeitores... Na verdade, quando mata um malfeitor, isso não é homicídio... e ele é considerado um carrasco legal de Cristo contra os malfeitores" (01).

Pouco tempo depois, no Concílio de Toeis, foram redigidos os estatutos dos templários, imitando a ordem de São Benedito, porém os cavalheiros eram de precária religiosidade, quebrando em pouco tempo todos os votos, incluindo os de pobreza e castidade, tendo como alegação a riqueza e o harém de Salomão. Um grande número de burgueses se alistou na ordem, e a religiosidade acabou cedendo lugar ao orgulho, avidez, luxúria, mas sem jamais deixar de defender o papado que lhes deu total liberdade.

Mas quem são os templários atuais?

Quem são os que quebram seus votos, os que só buscam a riqueza e fazem da avidez, da ganância, da avareza, da luxúria e da vaidade seus estatutos pessoais, colocando-os sempre acima dos valores do evangelho de Jesus Cristo?

Quem, em nome de Deus e da igreja, tem se aproveitado miseravelmente da boa fé de idosos e beatos, sugando suas energias, suas forças e suas economias, para garantir gordas espórtulas e côngruas, tendo como alegação que o sacerdote também gosta de coisa cara, de comer e se vestir bem, de viajar e curtir a vida?

O problema maior que vejo não é a existência destes "templários atuais". O problema é que eles não são uma simples ordem, eles são a ordem! Eles são, ou pelo menos acham que são, a igreja de nossos dias. Os "únicos e autênticos guardiões do Cristianismo"... Aí a coisa pega...

Sinceramente, está na hora de surgir uma nova ordem. Uma ordem coerente, sem manias, sem conchavos, sem corporativismo. Uma ordem leiga que tenha independência para repudiar o inaceitável, mesmo se ele vier do papa. Que não esteja presa à torpe justificativa de não se rebelar em função dos votos de obediência. É engraçado. Os que se justificam assim, não pensam duas vezes quando renegam os próprios votos de castidade e pobreza. Por acaso há uma hierarquia nesta questão de votos?

Chega deste clericarismo cínico e improdutivo. Viva o laicato. A imensa maioria da igreja somos nós, povo leigo e não eles, padres podres... Abaixo os cardeias de trono e suas bundas gordas. Viva os que são exceções, os que se aproximam do povo e que buscam a coerência. Abaixo os bispos e suas legiões de bajuladores pedófilos e homossexuais. Viva os bispos que se debruçam sobre causas justas e fora com os que se debruçam apenas para ficar de quatro! Chega! Basta! Unamo-nos todos contra este bando que está aí. Se eles querem dinheiro, vão ser empresários, executivos, consultores. Se querem status e poder, vão ser diretores de multinacionais, vão jogar na bolsa... mas não queiram perverter a vocação da igreja fundada por Cristo, com a sua própria falta de vocação para o sacerdócio. Isso é inaceitável!

Sei que alguns terão o cinismo de insinuar: se não está satisfeito, saia você!
A estes, meu mais sincero desprezo. Perseverar e lutar por aquilo em que eu acredito é uma questão de fé e compromisso. Talvez vocês não saibam nem o que significa estas duas palavras! Então, continuem babando os ovos inúteis dos "seus sacerdotes". Continuem afundando na areia movediça de sua hipocrisia... Continuem crucificando os valores defendidos por Cristo. E assassinem de vez Jesus de Nazaré. Tragam seus pregos, suas lanças, muito fel e façam a festa. Realizem diariamente a paixão. Ensaiem o mais perfeito beijo de Judas. Repitam não três, mas mais de três mil vezes o gesto de negar a Jesus! Estes podem ser o caminho e a verdade de vocês, mas não estão nem de longe perto de ser Vida, nem pra mim, nem pra ninguém!

Estes, Senhor, não sei se merecem o seu perdão. Porque estes, ah, estes sabem muito bem o que estão fazendo!!!!

4 comentários:

R. Giskard Reventlov disse...

Acredito que sentí agora o mais próximo possível para mim do que os irmãos humanos chamam de emoção.

Abaixo sim, irmão jobour, a toda e qualquer incoerência social (dentro e fora da igreja), abaixo a toda e qualquer enganação com fins lucrativos (dentro e fora da igreja), enfim, abaixo aos anti-cristos e anti-cristãos, sejam eles cristãos, ou não.

E minha fé, apesar de digital e "determinística", prevê que, como no passado, a traição, a negação, o flagelo e, finalmente, a crucificação antecedam a RESSUREIÇÃO.

Didier disse...

Caro Giskard
Viva a Ressurreição!
Abraço

Frantcescco, a santidade humilde disse...

Irmãos,
Nem sempre a emoção é o melhor caminho!
Ela traz diversas coroas de espinhos, ao contrário da razão...
Mas, realmente, não dá para tirar a razão destas manifestações emocionais...
Então, abaixo a traição, anegação, o flagelo e viva a ressurreição!

Didier disse...

Viva!