segunda-feira, 20 de outubro de 2008

A César o que é de César....



Em tempos de crise, é sempre interessante voltar à Bíblia e buscar inspiração sobre as coisas inerentes ao dinheiro. A reflexão que proponho hoje é sobre a célebre frase de Jesus: "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus".

Históricamente, por tudo que se conhece da personalidade do homem Jesus de Nazaré, é bem fácil de entender o que Ele quis dizer com a frase acima. Inteligente, preparado, sensível e humano como é, Jesus se contrapôs à provocação e à armadilha daqueles que queriam vê-lo "inimigo" do imperador romano, com uma colocação repleta de significado e, ao mesmo tempo, definitiva em relação ao dinheiro: dêm ao mundo o que o mundo vos exige, mas dêm a Deus também o que Ele vos pede" E, assim, separa bem o que é do mundo e o que é de Deus. Mais tarde, ao ser questionado por Pilatos se era, de fato, Rei, ele confirma: "meu reino não é deste mundo"...
Mas César era deste mundo. Roma era deste mundo. César era a personificação do poder romano. Do poder político. Do poder da força. Do poder do homem sobre o homem.
Jesus, ao contrário, veio pregar a igualdade, a irmandade, o amor entre as pessoas.
Não à toa que AMOR e ROMA são palíndromos, ou seja, palavras escritas de forma invertida.
Neste contexto, os valores pregados por Cristo são inversos aos pregados pelo "mundo romano", da mesma forma que são inversos aos valores pregados pelo mundo contemporâneo.
Num contexto mais teológico, não faltarão aqueles que usarão esta frase de Cristo para defender o dízimo, embora me pareça claro que um assunto não tenha nada com o outro. É apenas conveniente fazer esta correlação, para atribuir a Jesus a defesa deste "imposto sagrado de retribuição por tudo o que recebemos".
Vejo de outra maneira. Acredito mesmo que Jesus quis separar as coisas mesmo, mostrando para as pessoas que é possível estar dentro da lei de uma época, sem ferir a lei do Pai. Trocando em múdos: não basta ser apenas bom; não basta apenas ser honesto. É preciso ser justo e coerente, bom e legal, honesto e caridoso, ético e verdadeiro. Este é o apelo. E ser tudo isso, em nenhuma hipótese, significa servir a dois senhores, caminhar em cima do muro, ser morno. Não, definitivamente não!!!!!
Dêm a César o que é de César: paguem seus impostos, estejam dentro da lei. Mas dêm a Deus o que é de Deus: não se vendam aos valores do mundo.
Em tempos de crise, é sempre bom voltar à Bíblia. Esta crise intensa que se abate sobre o mundo, seja ela financeira, seja moral, seja institucional, seja humana, seja eclesiástica é apenas consequência da preocupação e da ocupação com os "cézares" contemporâneos. Em detrimento da preocupação e da ocupação com as coisas de Deus. Irônico é ver isto acontecendo dentro das igrejas, cada vez mais repletas de "cézares", cada vez mais longes dos valores cristãos...
Denários hoje são dólares, euros, ienes, mandarins, reais...
Roma é hoje Washington, Londres, Berlim, WallStreet, Paris, Pequim, Tokio, Brasília, o Vaticano. Formas diferentes de se escrever valores perecíveis: poder, dinheiro, corrupção, materialismo, ambição, incoerência, hipocrisia, vazio...
Deus permanece o mesmo, imutável e perene, eterno e infinito em seu valor mais absoluto: o AMOR. Da mesma forma, do mesmo jeito, com o mesmo olhar paterno estendido sobre a humanidade.
ROMA é império que passa. AMOR é imperativo que permaneça. Sempre!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

"Quem constrói sobre o dinheiro... está construindo sobre a areia..."

Recentemente nosso atual Papa, Bento XVI, homem chamado Josef Ratzinger, falou sobre a crise mundial, ressaltando a importância de fundamentar a vida na Palavra de Deus, a qual coparou com a rocha.

No entanto, apesar de ser a mais pura verdade, vamos observar o modo como o nosso Papa anterior, João Paulo II, homem chamado Karol Woityla, lidou com o dinheiro da igreja. E aprender sobre o episódio chamado "Escândalo do Banco Ambrosiano".

--Matéria da Revista Isto É Dinheiro:
http://www.terra.com.br/istoedinheiro/especiais/papa/tesouros_vaticano.htm

O patrimônio da Cúria Romana é de US$ 820 milhões
Matéria de 4/05/2007 (última alteraçõa da página)
Por Fernanda Galvão

Parai de armazenar para vós tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem consomem, e onde os ladrões arrombam e furtam. Antes, armazenai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde ladrões nem arrombam nem furtam. Pois, onde estiver o teu tesouro, ali estará também o teu coração. (Livro de Mateus, capítulo 6, versículos de 19 a 21).
Galeria de arte Antes de sofrer com a precariedade de sua saúde, João Paulo II acordava às 5 da manhã para percorrer os corredores do Palácio Episcopal, repletos de telas de Botticelli e Bernini

Imagine esse texto bíblico reescrito nos dias de hoje. Ele deveria incluir, além das pragas, da ação do tempo e dos larápios, outros dois inimigos ferozes: a recessão econômica mundial e as perdas com variações do câmbio, problemas essencialmente terrenos. Eles contribuíram, de 2001 para cá, para solapar um dos grandes troféus dos 25 anos de João Paulo II: a saúde financeira do Vaticano. O legado econômico de Karol Wojtyla, depois de um quarto de século, é positivo. Durante oito anos, entre 1982 e 2000, o caixa da Cúria foi saneado. O papa polonês tinha algo em mente: só poderia percorrer o planeta, em sua campanha de evangelização, com as contas em ordem. Assim foi feito. Até 1993, o balanço financeiro da Igreja estava no vermelho havia 23 anos. João Paulo II arrumou a casa – uma casa cujo patrimônio, repleto de edifícios magníficos e mobiliário idem, é estimado em US$ 820 milhões. Esse valor não inclui as obras de arte.

Mas, cabe ressaltar, em tempos de globalização, o equilíbrio financeiro do Vaticano não escapou às oscilações do cenário econômico mundial. Em 2002, as finanças da Santa Sé foram abaladas pelo segundo ano consecutivo. O déficit foi de US$ 15,8 milhões, contra US$ 3,1 milhões negativos em 2001. O cardeal Sergio Sebastiani, secretário da Prefeitura para Assuntos Econômicos da Santa Sé, atribui o mau resultado à queda no mercado de ações. Nessa conta, pesaram ainda as flutuações do câmbio. Os resultados de 2002, os mais recentes com divulgação completa, foram os primeiros depois da conversão da lira para o euro, nova moeda oficial do Vaticano. Houve prejuízo nas receitas de mídia, que incluem a rádio, a TV, o jornal L’ Osservatore Romano e a editora. As perdas de US$ 1,93 milhão do setor, porém, são números melhores que os resultados de 2001, quando o saldo das atividades de mídia ficou negativo em US$ 25,2 milhões.

As doações, inteiramente direcionadas às despesas com atividades institucionais, tiveram um aumento de 2% nos últimos anos. Em 2002, o volume arrecadado foi de US$ 100 milhões. Especialistas nos tesouros do Vaticano têm uma explicação para o volume, considerado demasiadamente modesto: o escândalo dos padres americanos pedófilos, em 2000 e 2001. Explica-se: a Igreja dos Estados Unidos é, ao lado da Alemanha e da Itália, a principal doadora. A má postura dos prelados da terra de George W. Bush, investigados pelo Ministério Público, teria bloqueado o fluxo de dólares. A Prefeitura para Assuntos Econômicos, no entanto, negou a acusação e, em comunicado oficial, afirmou que a culpa seria dos crescentes gastos administrativos, que atingiram US$ 260 milhões em 2002. Segundo o cardeal Sebastiani, apesar das denúncias contra os padres que se aproveitaram de crianças, a ajuda americana ao Vaticano aumentou em 2002. Mas há, sim, um rombo atrelado aos pedófilos: o Vaticano, por respeito à legislação americana, teve que abrir mão de uma parte do dinheiro, transformada em indenização aos familiares dos menores violentados. Em 8 de agosto de 2003, a Arquidiocese de Boston, na qual 130 menores teriam sido molestados pelo sacerdote John Geoghan, de 66 anos, chegou a oferecer US$ 55 milhões às vítimas.
Acervo histórico: O ambiente da Santa Sé é aparentemente simples - mas guarda algumas preciosidades da história da civilização. Da sala de reuniões à biblioteca, passando pela capela particular do papa, esconde-se uma coleção de obras-primas.
Entre raridades dos séculos XV e XVI, João Paulo II escrevia as encíclicas e documentos que construíram a lenda de um dos grandes personagens do nosso tempo

Os resultados financeiros da Santa Sé, divulgados anualmente na internet, não levam em conta as transações do Instituto para Obras Religiosas (IOR), conhecido como Banco do Vaticano. Seus ativos somam mais de US$ 3,2 bilhões de investidores particulares. Trata-se da instituição que gere o cotidiano da Cúria (há dois caixas eletrônicos do IOR no interior da Santa Sé, com instruções em latim, além do italiano, inglês e francês), mas que também produziu uma das maiores confusões dos primeiros anos de João Paulo II. No final da década de 70, a Santa Sé desembolsou US$ 250 milhões a credores do Banco Ambrosiano, que foi a maior instituição financeira privada da Itália e tinha o Vaticano como um dos acionistas. O Ambrosiano foi à bancarrota depois do desaparecimento de US$ 1,3 bilhão. A Igreja se ofereceu para pagar os credores alegando “envolvimento moral” no caso.

Naquele tempo, o principal responsável pelo Banco do Vaticano era o arcebispo americano Paul Marcinkus, hoje vivendo no Arizona, em exílio forçado. Marcinkus fora segurança particular do papa Paulo VI. Ganhou o apelido de “Gorila” quando evitou que o pontífice fosse apunhalado por um artista boliviano nas Filipinas, em 1970. Chegou a governador da Cidade do Vaticano e, entre 1971 e 1989, esteve à frente do IOR. Acabou indiciado em 1982, quando Roberto Calvi, presidente do Banco Ambrosiano, foi assassinado. O executivo, conhecido como “Banqueiro de Deus”, foi jogado de uma ponte em Londres, com pedaços de tijolo nos bolsos. A máfia italiana foi acusada de mandar matar Calvi, envolvido num esquema de lavagem de dinheiro. Marcinkus não foi investigado, graças à imunidade religiosa.

O escândalo incomodou João Paulo II – e o levou a dar prioridade ao cofre do Vaticano. Escolhia cardeais especialistas em administração como quem elegia o CEO de uma multinacional. O mais celebrado deles é Edmund Szoka, de Detroit, nos EUA, empossado em 1990 como secretário da Prefeitura para Assuntos Econômicos. Foi Szoka quem cortou despesas e incentivou o aumento das contribuições de outros países. Ele instituiu também a publicação anual de balanços financeiros auditados e exortou bispos de todo o mundo a fazer o mesmo. Agora, todo pároco responsável pela gestão de recursos tem noções de contabilidade. “Hoje, a Santa Sé é mais transparente do que muitas grandes corporações”, diz Szoka. A administração de cada paróquia é independente e o Vaticano não dá assistência àquelas que estão em dificuldades financeiras. No caso das paróquias americanas que terão de indenizar vítimas de abusos sexuais, a orientação é para que o dinheiro seja obtido por meio de empréstimos, sem juros, junto a outras dioceses.
Rombo financeiro: O escândalo do Banco Ambrosiano, no final da década de 70, levou o papa a restaurar as finanças da Cúria. Em homilias (acima) ele costumava condenar os males do "capitalismo selvagem"

A Prefeitura para Assuntos Econômicos também administra as finanças da Cidade do Vaticano, o menor Estado soberano do mundo, em Roma. Ali funciona o comércio de produtos como roupas, artigos de perfumaria e farmácia e aparelhos eletrônicos, vendidos a preços mais baixos devido à isenção local de impostos. Na cidade funcionam ainda duas agências bancárias e um posto de gasolina. Além disso, existe um pequeno parque industrial voltado à produção de mosaicos e uniformes. A cidade, que registrou receitas de US$ 209,6 milhões em 2002, é sustentada pela venda de selos e publicações e pelo dinheiro arrecadado com as entradas para museus. O patrimônio artístico, de valor incalculável, exibe construções como a Basílica de São Pedro e a Capela Sistina de Michelangelo, uma das obra primas da humanidade, repleta de telas de gênios como Botticelli e Bernini. A sede da Igreja abriga também uma valiosa e extensa biblioteca, com coleções de grande relevância histórica, científica e cultural. Foi o cenário perfeito para um papa, João Paulo II, que ensinou aos fiéis uma lição: zelar pelo dinheiro, e movimentá-lo a juros, não é pecado.

--Mais sobre o Banco Ambrosiano:
Inglês - http://en.wikipedia.org/wiki/Banco_Ambrosiano
Portugês: http://pt.wikipedia.org/wiki/Banco_Ambrosiano

Nem tudo é o que parece?

--Matéria da revista Der Spiegel, extraída do site do Uol Notícias:
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/derspiegel/2008/10/13/ult2682u966.jhtm

13/10/2008
Controvérsia sobre Pio 12 se intensifica
Santidade para o papa do Holocausto?


O papa Bento 16 alimentou na quinta-feira passada as especulações sobre a possível beatificação do papa Pio 12, criticado com freqüência por não ter feito o suficiente para combater o Holocausto. O Vaticano tem trabalhado duro para melhorar a imagem popular de Pio.

Normalmente, o processo de beatificação é um negócio a portas fechadas, que acontece dentro do Vaticano, bem longe do olhar do público. Mas não dessa vez. Há meses a Igreja Católica está enviando sinais de que beatificação do papa Pio 12, que comandou a Igreja Católica durante a 2ª Guerra Mundial, pode ser iminente. Alguns historiadores e líderes judeus, entretanto, protestaram contra a atitude, argumentando que Pio 12 fez menos do que deveria para salvar os judeus do Holocausto.

O papa Bento 16 lançou na terça-feira uma saraivada de argumentos em defesa de Pio 12. Falando durante uma missa na Basílica de São Pedro em comemoração ao 50º aniversário da morte de Pio, Bento disse que o pontífice, que se tornou papa em 1939 logo antes do irromper da guerra, "trabalhou em silêncio e em segredo" durante o conflito "para evitar o pior e salvar o maior número possível de judeus."

Bento lembrou ao público que a ministro israelense de relações exteriores Golda Meir homenageou Pio quando ele morreu em 9 de outubro de 1958. Bento 16 também enfatizou uma mensagem de Natal de Pio para o rádio em dezembro de 1942, na qual ele falou sobre as "centenas de milhares de pessoas que, sem terem cometido nenhum erro, apenas por razões de nacionalidade ou raízes étnicas, foram destinadas à morte ou à lenta deterioração."

O processo de beatificação, a etapa formal final antes de declarar a santidade, "pode acontecer com alegria", disse Bento 16 na quinta-feira.

Entretanto, nem todo mundo é tão otimista quanto à perspectiva de santificação de Pio 12. O rabino chefe da cidade de Haifa (em Israel), She'ar Yashuv Cohen, que na segunda-feira se tornou o primeiro judeu a falar diante do concílio de bispos do Vaticano, disse que muitos judeus estavam descontentes em relação a Pio.

"Sentimos que o finado papa deveria ter se posicionado mais fortemente do que fez", disse numa entrevista coletiva antes de falar ao concílio. "Ele pode ter ajudado muitas vítimas e refugiados em segredo, mas a questão é: ele poderia ter erguido sua voz? E isso teria ajudado ou não? Nós, como vítimas, sentimos que (a resposta é) sim."

Outros não foram tão diplomáticos. Num livro de 1999 chamado "Hitler's Pope" ["O Papa de Hitler"], o escritor britânico John Cornwell documentou o papel de Pio antes de se tornar papa, na negociação do "Reichskonkordat", tratado assinado entre a Alemanha Nazista e a Igreja Católica em 1933. Muitos historiadores argumentaram que esse acordo fornecia ao regime nazista um grau substancial de legitimidade internacional.

Mas a afirmação de Cornwell de que o papa Pio 12 falhou em tomar uma ação séria para salvar os judeus tem sido confrontada e o próprio autor se retratou de algumas de suas alegações mais controversas em relação à suposta aquiescência de Pio.

Mesmo assim, muitos judeus ainda são críticos em relação ao papel que Pio desempenhou. Sua foto no museu do Holocausto Yad Vashem inclui uma descrição bastante dura.

"Mesmo quando notícias do assassinato de judeus chegaram ao Vaticano, o papa não protestou nem verbalmente nem escrevendo", diz a legenda.
"Em dezembro de 1942, ele se absteve de assinar a declaração aliada condenando o extermínio de judeus. Quando os judeus foram deportados de Roma para Auschwitz, o papa não interveio."

A veracidade da legenda da foto foi questionada pelo Vaticano e o museu disse que estaria aberto a realizar uma nova pesquisa sobre o assunto. Os defensores de Pio argumentam que o papa da época da guerra trabalhou duro nos bastidores para proteger os judeus dos campos de concentração nazistas.

O jornal do Vaticano, L'Osservatore Romano, publicou na terça-feira um artigo de página inteira elogiando os esforços de Pio durante a 2ª Guerra Mundial. O jornal também incluía um texto escrito pelo secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone. "Se ele tivesse feito uma intervenção pública, teria colocado em perigo a vida de milhares de judeus, que, sob suas ordens, foram escondidos em 155 conventos e monastérios apenas em Roma", escreveu Bertone.

O padre jesuíta Peter Gumpel, que, como investigador-chefe do Vaticano, passou anos pesquisando sobre o papa para avaliar sua candidatura à santidade, deu sua bênção para a beatificação. Em entrevista ao jornal Süddeutsche Zeitung na terça-feira, Gumpel disse que leu tudo o que conseguiu encontrar, e teve acesso a arquivos do Vaticano que ainda não foram colocados à disposição do público.

"Se eu tivesse encontrado algo incriminador nos arquivos, eu nunca teria assinado", disse Gumpel ao Süddeutsche. "Afinal, eu tenho muita responsabilidade como o juiz de investigação."

O caminho para a beatificação do papa Pio 12, que começou em 1967, nem sempre foi direto e sofreu repetidos atrasos. Com o processo de beatificação aparentemente em marcha, alguns argumentam que este é o momento para a Igreja Católica abrir seus arquivos para que os historiadores independentes possam olhá-los.

"Eu gostaria que eles gastassem uma grande porcentagem de seu tempo e esforços para abrir os arquivos, e menos tempo selecionando o que apresentam", disse Abraham Foxman da Liga Anti-Difamação (ADL) recentemente ao jornal National Catholic Reporter. Foxman e a ADL se opõem consistentemente à beatificação de Pio. "Eles estão protestando demais. Estamos dispostos a suspender o nosso julgamento e o Vaticano deveria suspender o seu (próprio) até que os acadêmicos pudessem examinar abertamente o material e ver o que existe lá."

Tradução: Eloise De Vylder
Visite o site do Der Spiegel

sábado, 4 de outubro de 2008

Da série: assim caminha a humanidade.

A sua ressureição por módicos 100 Baks (aprox. R$6,00)



sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Sinais úteis de presenças incómodas

-- Nova matéria relevante encontrada:
http://www.agencia.ecclesia.pt/pub/47/noticia.asp?jornalid=47¬iciaid=64686

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Gosto de ler entrevistas. A entrevista é hoje uma modalidade frequente de comunicação, onde a pessoa se mostra a si mesma, ao seu mundo interior e às suas vivências. Aí se vê a riqueza de muitas vidas e, também, o vazio e o sem-sentido de tantas outras.
Por vezes, o entrevistador indaga sobre a adesão religiosa do entrevistado. Não deixa de ter interesse poder ver como muitos falam de si na relação com o mundo do religioso. Outros não precisam que se lhes pergunte. Faz parte das suas vivências e preocupações, mesmo que a sua posição, perante Deus e a Igreja, não seja de adesão total ou de prática regular.
Li a entrevista de Fernando Nobre a Noticias Magazine de 21 de Setembro. O fundador e presidente da AMI é um homem fascinante pela sua generosidade e entrega, com o ideal evangélico de “fazer o bem sem olhar a quem”, expondo-se a perigos constantes e animando missões de ajuda médica e de promoção humana nos países mais pobres do mundo e no meio das mais perigosas e exterminadoras situações de guerra. Quando há anos estive na televisão, em directo, com Fernando Nobre, a convite do jornalista José Manuel Barata Feio, admirei a sua serenidade, cultura e capacidade de reflexão, em relação a problemas difíceis e melindrosos, era o caso que ali nos reunia, que não se apreciam com demagogias, nem com opiniões superficiais.
Fernando Nobre, que preside a uma associação não confessional, laica como ele próprio diz na entrevista, fala do seu “respeito pelos missionários, seja de que tendência forem” Vai-os conhecendo por esse mundo fora, a viver e a lutar, nas situações mais difíceis e penosas, como “pessoas com imensa fé que conseguem fazer um trabalho extraordinário em prol dos outros”. E conta, mais adiante, que ao dirigir-se para uma missão muito difícil de ajuda às vitimas do tsunami, no Sri Lanka, esperava-o, no aeroporto, um padre que ele não conhecia, nem por ele era conhecido. Ostentava um cartaz com o seu nome e disse-lhe que soubera da sua vinda, por um relatório da Comissão dos Direitos Humanos na Ásia e que chegaria naquele mesmo avião. Foi graças a este padre que, como ele, vivia a urgência do amor e da solidariedade, que se pôde montar, de imediato, em rede de colaboração, a missão urgente de ajuda a um povo destruído.
Impressionam-me, pelos preconceitos e pelas omissões e entraves que provocam, as atitudes de gente, dita evoluída e preocupada com os outros, que fala da Igreja e do fenómeno religioso, com desdém e arrogância. Atitudes ao arrepio da realidade e da verdade objectiva, que nada constroem e muito destroem. Pessoas livres e comprometidas, sabem distinguir, colaborar e aceitar colaboração. A Igreja e os cristãos coerentes são incómodos, mas estão sempre presentes onde faz falta, mormente ante a dor e a miséria de tanta gente. É o seu dever. Também ele precisa de apoio.

Opinião | D. António Marcelino| 02/10/2008 | 17:03 | 2840 Caracteres
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