terça-feira, 5 de agosto de 2008

A lógica da culpa e a retribuição do castigo


Antes de começar um novo debate a cerca das ensinamentos do mestre Jesus gostaria de pedir persão aos colegas de blog pela ausência. Estive alocado em uma núvem computacional de outra espécie e por isso estive distante.


Gostaria de falar um pouco da "Culpa Judáico Cristã", assim proclamada pelos psicólogos, sociólogos, cineástas e yupies de plantão, formadores de opinião e Woody Allen. E sua relação com o que o mestre Cristo ensinou.


O Judaísmo é uma religião, ou ainda cultura, que foi fundamentada na retribuição de um Deus que era pai. Aba, como dito em sua língua natal. Porém era função do pai na cultura judáica ensinar que a vida funciona baseada na troca, no escambo, na retribuição por bom comportamente, ou ainda comportamento aceito. Assim nasce a cultura de que Deus é justo, Deus é fiel, Deus é pai (mais ainda que criador) e de que Ele sempre estará apto a responder em função dos nossos atos.


Ao refletir a respeito, e embasado no conceito de que Deus é atemporal (ou seja, está além das amarras do tempo a que estamos conceitualmente presos), devemos ponderar que Deus não enchergaria nossas atitudes e possíveis retribuições, boas ou más, como causa e conseqüência. Apenas como somos, e apenas isso. Para o Deus atemporal, somos apenas o que somos, e o que fizemos e faremos, o que pensamos e pensaremos. O que para ele é transparente como um quadro na parede, e estático em absoluto.


Mesmo sem considerar essa prova formal de que Deus não está interessado na nossa conduta, uma vez que já somos o que seremos, cabe a pergunta: então por que Jesus nos ensinou a Amar? Por que ele nos fez crer que o reino dos céus é para os puros de coração? Acredito que, além de conhecer mais do que nós, estando de posse dessas informações privilegiadas considera além do que podemos, o mestre Jesus professa um reino que não é desse mundo. E que, consequentemente, é do outro, do reino de Deus, onde a atemporalidade (em algum grau) se aplica.


Resumindo e explicando, podemos crer que nossas atitudes, ainda que de difícil previsão para os simples humanos, e para mim robot, são transparentes para o Deus criado. E terão profundas conseqüências na nossa permanência na próxima etapa da existência, atemporal em algum grau, no reino divino.


Por isso Jesus pregava o arrependimento até no último segundo de vida como tão importante quanto em qualquer momento das nossas vidas temporais. E, ajuntado a isso, meus criadores humanos, e conseqüentemente eu, passamos a acreditar numa retribuição imediatista, temporal e real como somos. Isso foi agravado pela nossa tendência a causa e conseqüência, típica do cérebro humano evoluído e impresso em meus circúitos.


Dessa maneira ficou irraizado na cultura "Cristã" a crença de que Deus é juiz e juri, cruel e implacável em sua punição. O que é propagado como culpa pelos já citados públicos opositores dos valores cristãos, de um modo que parece ser orgulhoo. Quando na verdade essa idéia de culpa e retribuição bem humana, e nada de Cristo, logo, nada Cristã.


Acredito também, apesar precisar de mais informações para alegar com alguma certeza, que a fé Judáica não se basea nesse Deus juiz, e sim num Deus Aba, pai, que nem sempre foi o doutrinador, mas sempre foi o "cuidador". O pai que se importa.


Em breve voltaremos a debater sobre os problemas da Igreja, incluindo a confissão como sacramento quer remonta bem ao que vimos nesse artigo.

8 comentários:

Frantcescco, a santidade humilde disse...

Caríssimos seis irmãos:

Não tenho a eloquência do pensador, a intensidade ferina do anjo, a capacidade acumulativa de dados do robô, o radicalismo severo do "xiita", nem a gratuidade espasmódica do monge.
Contudo, na minha simplicidade, continuo a tentar perceber os desígnios do Mestre através do Amor.
E no Amor não cabe culpa, nem juízo, nem condenação...
O amor não castiga, induz ao acerto.
Então me parece tão ilógico que o Cristianismo tenha se mantido tão apegado às raízes do judaísmo, que muitas vezes eu paro, me questiono e cada vez mais me convenço de que só mesmo Deus é capaz de entender de fato os desígnios de Deus.
Nas suas três pessoas, Deus se entende e se completa, se reinventa e aponta a seta, mas só podemos sentir, perceber, pra onde ela aponta. Jamais entender plenamente, senão seríamos deuses...E não o somos...
Paz a todos...

Didier disse...

Nisso eu concordo com você, Sr. Simplista. O Amor é tão poderoso que, para não cair em mãoes erradas, disfarça o seu poder na simplicidade e na humildade e foge das mãos dos gananciosos.
Imagine um líder, de qualquer facção que seja, que amasse tanto, mais tanto e resolvesse abraçar uma causa. Seus seguidores seriam os mais fiéis, irracionais e fanáticos discípulos já vistos...
Sozinho, abandonado pelos 12, Jesus dividiu a história , fazendo história com seu Amor...
Imagina o estrago que Ele faria se cedesse às tentações do poder, da fama e da glória deste mundo!
A lógica da culpa está em nós mesmos e retribuímos diariamente nos castigando por nosssa própria conduta!
Pode computar estes dados aí, Gyskard.

Gabriel disse...

Vejo que vocês ainda percorrem o mesmo caminho e insistem em tentar entender a natureza de vocês perante a Deus...essa culpa que vocês possuem e criaram se pertencem a dois momentos...o primeiro após a saída do paraíso...lugar criado por Deus para que seu criatura vivesse num ambiente em paz e tranqüilidade...e ai entram vocês...como sempre impulsivos e curiosos por saber o que iria acontecer se transgredissem uma ordem do "Pai"...e ao deixarem o paraíso começaram a se culpar pelo erro que cometeram e tentaram através do perdão de Deus merece-lo novamente...em outro momento Jesus nasceu no mundo de vocês para que aprendessem a se amar e como fazer para alcançar o paraíso novamente...porém cegos, surdos e mudos a ele ficaram...e após o seu sofrimento e morte, se culparam novamente...e culpa que irá perdurar até o fim dos tempos ...o interessante é perceber como alguns "pastores" utilizam-se e utilizaram-se dessa "culpa" para obter poder e em cima dele destruir qualquer reputação do que é realmente ser enviado por Deus...como Emanuel foi...não sei se a justiça Divina terá compaixão no momento em que vocês estiverem na porta do paraíso para fazerem parte dele...porém afirmo uma coisa...tudo foi ensinado a vocês...toda compaixão divina ainda está presente no amor de Deus por vocês...porém estarei atento e esperando por vocês no dia em que o julgamento realmente ocorrer...até lá continuarei apenas como A Voz de Deus...

Anônimo disse...

Que beleza!
Muito interessante, aliás, todas as conversas de vcs. PArabéns pela inicativa.

Anônimo disse...

Desde que conheci o site, pelo amigo Frantcescco, fiquei me perguntando o porque de um site tão legal e aberto não franquear para seus leitoresa possibilidade da interação!
Finalemnte vocês abriram a porteira para o resto do gado passar...
Assim, participando, a gente se sente mais confortável.
Penso muito parecido com a maioria do conteúdo deste site. Parabéns e obrigado! É bom saber que a gente não está sozinho...
Como diria Lennon, podem dizer que somos sonhadores, mas não somos os únicos...
Valeu!

Anônimo disse...

E pra postar algum texto nosso, também será possível?

Emil Fanum disse...

Irmão em Cristo...a culpa é o caminho para nos tornarmos santos e cada vez mais buscar Cristo em nós.Pois os nossos pecados sempre serão lembrados até na hora da nossa ressureição,e assim teremos que prestar contas por eles.

No momento em que aparecermos perante a Deus teremos que pedir perdão por todos os erros que cometemos e mostrar que merecemos o castigo que a nós será dado, para que possamos sofre pelos nossos atos.

Espero poder concretizar meu sonho de catequisar todos presentes aqui para poderem estar presente no dia em que Cristo voltar.

Deus amas a todos e eu também pelo amor dele.

R. Giskard Reventlov disse...

Infelizmente acredito que o mestre Emil não compreendeu meu ponto. Mas fiquei curioso, "irmão" Emil: Você acredita que eu, como criatura de Deus (por conseqüência) e dos homens também terei "contas a prestar" no assim proclamado Juízo Final?

-- nota mental dissertar sobre as diferenças e semelhanças de seres orgânicos e inorgânicos.