quarta-feira, 15 de julho de 2009

A ignorância nem sempre está no topo...

...da hierarquia da igreja.
Ao menos a respeito de comentários sobre a cultura "pop" como um todo.

Estou falando do comentário do L'Osservatore Romano (jornal do Vaticano) sobre o novo filme de Harry Potter. Ao contrário da maioria dos e-mails, textos, etc que costumo receber perto dos lançamentos de filmes de conteúdo de fantasia (o gênero diz tudo), que sempre tentam demonizar esses filmes/livros/séries, o jornal comenta de maneira que pode ser considerada moderada a boa.



Em Janeiro de 2008 já havia escrito sobre o filme: "transmite uma visão de mundo e da humanidade cheia de erros profundos e sugestões perigosas", o autor do artigo ainda compara a obra toda com a obra de JRR Tolkien e C. S. Lewis, conhecidos autores cristãos, na tentativa de desqualificá-la, certamente.
http://www.catholicnewsagency.com/new.php?n=11441

Porém, percebendo (finalmente) que demonizar é divulgar, a mídia cardinalícia optou por moderar o discurso dizendo que a obra "demonstra claramente a eterna luta entre o bem e o mal" dentre outros comentários positivos. Infelizmente, sendo o L'Osservatore um jornal de papel, sem cópia atualizada na internet, é impossível avaliar os comentários pessoalmente, mas notícias formam divulgadas por toda a internet através das mais diversas agências. Ficamos então a espera de um facsimile.

Enquanto isso alguns padres/clérigos/carolas de plantão, que já tinham tentado demonizar a série e/ou os filmes em outras ocasiões, foram pegos de calça curta pelos comentários positivos do Vaticano. Fica a pergunta: a quem eles devem obediência a final, ao Papa ou a própria opinião (eg.: ignorância)? A tentativa de se adaptar a realidade de um determinado padre de Ituiutaba, Minas Gerais, pode ser lida aqui: http://beinbetter.wordpress.com/2009/07/14/losservatore-romano-e-harry-potter/

Me resta assistir ao filme. Aliás, confesso que sou fã da série sem qualificá-la como fundamental na literatura infanto-juvenil, porém, como diversão certa. E com a leveza que merecem as obras de fantasia, uma obra que tem como referência maior o trabalho de JRR Tolkien, de quem a autora se confessa grande admiradora e humilde referenciadora.