terça-feira, 13 de outubro de 2009
Com quem estamos lidando...
Papa Bento XVI(em latim Benedictus PP. XVI, em italiano Benedetto XVI), nascido Joseph Alois Ratzinger, (Marktl am Inn, Baviera, 16 de abril de 1927) é o Papa desde o dia 19 de Abril de 2005.[1] Foi eleito como o 266º Papa com a idade de 78 anos e três dias, sendo o actual Sumo Pontífice da Igreja Católica. Foi eleito para suceder ao Papa João Paulo II no conclave de 2005 que terminou no dia 19 de Abril.
Domina pelo menos seis idiomas (alemão, italiano, francês, latim, inglês e castelhano), ademais lê o grego antigo e o hebraico. [2] É membro de várias academias científicas da Europa como a francesa Académie des sciences morales et politiques e recebeu oito doutorados honoríficos de diferentes universidades, entre elas da Universidade de Navarra, é também cidadão honorário das comunidades de Pentling (1987), Marktl (1997), Traunstein (2006) e Ratisbona (2006).
É pianista e tem preferências por Mozart e Bach.[3] É o sexto e talvez o sétimo (segundo a procedência de Estêvão VIII, de quem não se sabe se nasceu em Roma ou na Alemanha) papa alemão desde Vítor II e, nos seus 80 anos, tem a idade máxima para ser cardeal eleitor. Em abril de 2005 foi incluído pela revista Time como sendo uma das 100 pessoas mais influentes do mundo.[4]
O último papa com este nome foi Bento XV, que esteve no cargo de 1914 a 1922, foi o Papa durante a Primeira Guerra Mundial. Ratzinger é o primeiro Decano do Colégio Cardinalício eleito Papa desde Paulo IV em 1555 e o primeiro cardeal-bispo eleito Papa desde Pio VIII em 1829.
Joseph Ratzinger nasceu em Marktl am Inn, uma pequena vila na Baviera, às margens do rio Inn, na Alemanha, filho de Joseph, um comissário de polícia (Gendarmeriekommissar) do Reich, um oficial da polícia rural oriundo da Baixa Baviera e adepto de uma corrente bávaro-austríaca de orientação católica.[5] Seu pai, era de religiosidade profunda e um decidido adversário do regime nacional-socialista, as suas idéias políticas firmes chegaram a trazer sérios perigos para a própria família. [5][6] Em 1941, um dos primos de Ratzinger, um menino de catorze anos de idade com Síndrome de Down, foi morto pelo regime Nazi em sua campanha eugênica. [6]
A sra. Ratzinger, Maria, falecida em 1963, era de procedência tiroleza, do sul da Alemanha, era tida por boa cozinheira e havia trabalhado em pequenos hotéis. O casamento ocorreu em 1920, os filhos Maria e Georg nasceram em 1921 e 1924, Joseph nascera num Sábado de Aleluia e fora batizado no dia seguinte, domingo da Páscoa. A família não era pobre no sentido literal do termo, mas os pais tiveram de fazer muitas renúncias para que os filhos pudessem estudar.[7] Em 1928 a família mudou-se para Tittmoning, na época um lugarejo de cinco mil habitantes, às margens do rio Salzach na fronteira austríaca.[8] Em 1932 a família mudara-se novamente, agora para Aschau, de novo às margens do Inn, um povoado próspero -já que em Tittmoning Ratzinger-pai havia se mostrado demasiado contrário aos nazistas. [5][8]
Aqueles assumiram o poder em 30 de janeiro de 1933 quando Hindenburg nomeou Hitler chanceler, nos quatro anos em que a família Ratzinger passou em Aschau o novo regime limitou-se a espionar e a ter sob controle os sacerdotes que se lhe mostravam hostis, Ratzinger-pai não só não colaborou com o regime como ajudou e protegeu os sacerdotes que sabia estarem em perigo. Já em 1931 os bispos da Baviera haviam publicado uma instrução dirigida ao clero em que manifestavam a sua oposição às idéias nazistas.[5] A oposição entre a Igreja e o Reich estendia-se ao âmbito escolar: os bispos empreenderam uma dura luta em defesa da escola confessional católica e pela observância da Concordata.[5]
Em Aschau começam os primeiros vislumbres da vocação sacerdotal, o jovem Ratzinger se deixa tocar pelos atos litúrgicos do povoado os quais frequenta com piedade, entrementes o avanço do novo sistema político e, com ele, a oposição da Igreja. Em fevereiro de 1937 tem lugar a Kristallnacht em que as juventudes hitleristas apredejam as vitrines das lojas dos judeus. Pouco tempo depois Pio XI promulga a Encíclica Mit brennender Sorge, em que condena as teorias nacional-socialistas. Neste ano seu pai, então sexagenário, aposentou-se e a família mudou-se para Traunstein.[9]
Nos anos de ginásio em Traunstein aprendera o latim que ainda era ensinado com rigor, o que muito lhe valeu como teólogo, pode ler as fontes em latim e grego e, em Roma, durante o Concílio, comenta, foi-lhe possível adaptar-se com rapidez ao latim dos teólogos que lá se falava, embora nunca tivesse ouvido palestras nessa língua. A formação cultural com base na antiguidade greco-latina propiciada naquele ambiente "criava uma atitude espiritual que se opunha às seduções da ideologia totalitária"[10]
Com o Anschluss e a fronteira da Áustria aberta a família pode ir com mais frequência a Salzburgo e em peregrinação a Maria Plain, ali puderam assistir a diversas apresentações musicais: "Foi ali que Mozart entrou até o fundo da minha alma. Não é um simples divertimento: a música de Mozart encerra todo o drama do ser humano", afirma.[11] Pela Páscoa de 1939 ingressa no seminário-menor em Traunstein, por indicação do pároco, para que pudesse iniciar de forma sistemática na vida eclesiástica.
Com a guerra o seminário é requisitado como hospital militar e o diretor o transfere para uns alojamentos vazios das Damas Inglesas de Sparz. A incorporação na Juventude Hitlerista das crianças alemãs tornou-se oficialmente obrigatória a partir de 1938 até o fim do Terceiro Reich em 1945. Até 1939 nenhum seminarista havia entrado na organização, mas o regime exigiu que a partir de março a afiliação fosse obrigatória. Até outubro a direção do seminário em que estava se negou a inscrever os seus alunos mas logo não pode mais impedir a sua inscrição na organização. Assim sucedeu também com Jospeh Ratzinger, aos 14 anos. [12] Uma testemunha relata (segundo o Frankfurter Allgemeine Zeitung) que os seminaristas eram uma "provocação para os nazis: se lhes considerava suspeitos de estar contra o regime.[13] Em um documento do Ministério da Educação se lê que a incorporação compulsória às Juventudes Hitleristas "não garantia que os seminaristas realmente se haviam incorporado à comunidade nacional-socialista".[14] Quando fez catorze anos em 1941, portanto, Joseph teve de se incorporar à Juventude Hitlerista [15] e, de acordo com o seu biógrafo John Allen, não era um membro entusiasta.[16] Recebeu gratuidade escolar por pertencer a esse grupo, mesmo não participando de seus encontros, graças à amizade com um professor de matemática filiado ao partido Nacional Socialista, que lhe leccionou no seminário. Por causa da mobilização provocada pela guerra os irmãos Ratzinger deixaram o seminário naquele ano de 1941 e retornaram à casa paterna.
[editar] Serviço militar
Em 1943, com 16 anos, foi incorporado no Exército Nazista Alemão, numa divisão da Wehrmacht encarregada da bateria de defesa antiaérea da fábrica da BMW nos arredores de Munique. Mais tarde, estará em Unterförhrin e Gilching, ao norte do lago Ammer. É dispensado em 10 de setembro de 1944 do serviço na bateria antiaérea de Gilching e poucos dias depois é enviado a um campo de trabalho em Burgenland , na fronteira da Áustria com a Hungria e a Checoslováquia para realizar trabalhos forçados, daí é destinado ao quartel de infantaria em Traustein, de onde desertará pouco tempo depois. [17]
Com a rendição alemã em 8 de maio de 1945 Ratzinger é recolhido preso no campo aliado de concentração de prisioneiros em Bad Aibling, com mais de quarenta mil prisioneiros. É libertado em 19 de junho, apenas dois meses depois de ter completado os dezoito anos, chegou em casa em Traustein na noite da sexta-feita do Sagrado Coração.[18]
Com o irmão, Georg Ratzinger, Joseph entrou num seminário católico. Em 29 de Junho de 1951, foram ambos ordenados sacerdotes pelo Cardeal Faulhaber, Arcebispo de Munique.
Ratzinger cardeal
O cardeal Ratzinger numa celebração
A partir de 1952 iniciou a sua atividade de professor na Escola Superior de Filosofia e Teologia de Freising lecionando teologia dogmática e fundamental. Em 1953, obteve o doutoramento em teologia com a tese "Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho". Sob a orientação do professor de teologia fundamental Gottlieb Söhngen, obteve a habilitação para a docência apresentando para isto dissertação com título de "A teologia da história em São Boaventura"
Lecionou ainda em Bonn (1959 - 1963); em Münster (1963 - 1966) e em Tubinga (1966 - 1969) onde foi colega de Hans Küng e confirmou uma certa visão tradicionalista como oposição às tendências marxistas dos movimentos estudantis dos anos 1960. A partir de 1969, passou a ser catedrático de dogmática e história do dogma na Universidade de Ratisbona, onde chegou a ser Vice-Reitor.
No Segundo Concílio do Vaticano (1962 – 1965), Ratzinger assistiu como peritus (especialista em teologia) do Cardeal Joseph Frings de Colónia. Foi também quem apresentou a proposta da realização da missa em língua local em vez do latim.
Fundou em 1972, junto com os teólogos Hans Urs von Balthasar (1905-1988) e Henri De Lubac (1896-1992), a revista Communio, para dar uma resposta positiva à crise teológica e cultural que despontou após o Segundo Concílio do Vaticano. [19]
Recebeu o título de doutor honoris causa das seguintes instituições: College of St. Thomas em St. Paul (Minnesota, Estados Unidos), em 1984; Universidade Católica de Eichstätt, em 1987; Universidade Católica de Lima, em 1986; Universidade Católica de Lublin, em 1988; Universidade de Navarra (Pamplona, Espanha), em 1998; Livre Universidade Maria Santíssima Assunta (LUMSA, Roma), em 1999 e da Faculdade de Teologia da Universidade de Wroclaw (Polônia) no ano 2000 e era ainda Membro honorário da Pontifícia Academia das Ciências.
Ratzinger foi nomeado Arcebispo de Munique e Freising em 25 de março de 1977, pelo Papa Paulo VI, e elevado a Cardeal no consistório de 27 de junho de 1977 com o título presbiteral de "Santa Maria da Consolação no Tiburtino".
Em 1981, foi apontado como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé pelo Papa João Paulo II, cargo que manteve até ao falecimento do seu predecessor. Foi designado cardeal-bispo da Sé Episcopal de Velletri-Segni em 1993, e tornou-se Decano do Colégio Cardinalício em 2002, tornando-se o bispo titular de Ostia. Participou do Conclave de agosto de 1978 que elegeu o Papa João Paulo I e do Conclave de outubro deste mesmo ano que resultou na eleição de João Paulo II.
Era um velho amigo de João Paulo II, compartilhava das posições ortodoxas do Papa e foi um dos mais influentes integrantes da Cúria Romana. A sua posição como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cargo que exerceu durante vinte e três anos, o colocava como um dos mais importantes defensores da ortodoxia católica. O ex-frade Leonardo Boff, brasileiro, um dos expoentes da Teologia da Libertação, teve voto de silêncio imposto por Ratzinger em 1985 devido às suas posições políticas marxistas.
Aos 78 anos, o Cardeal Joseph Ratzinger é eleito papa pelo colégio de cardeais. O conclave findo em 19 de abril de 2005 foi um dos mais rápidos da história, tendo apenas quatro votações e duração de apenas 22 horas. No dia 24 de abril do mesmo ano tomou posse em cerimônia na Basílica de São Pedro em Roma.[20]
A fumaça branca saiu da chaminé da Capela Sistina às 17h50 daquele 19 de Abril (hora do Vaticano). O nome do cardeal alemão foi anunciado cerca das 18h40 locais, da varanda da Basílica de São Pedro, onde o novo Papa surgiu minutos depois usando o solidéu branco, aclamado por milhares de pessoas que preenchiam a Praça de São Pedro, o coração do Vaticano.
[editar] O anúncio (Habemus Papam)
Annuntio vobis gaudium magnum; habemus Papam: Anuncio-vos com grande alegria; já temos o Papa:
Eminentissimum ac Reverendissimum Dominum, O Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor
Dominum Josephum D. José
Sanctæ Romanæ Ecclesiæ Cardinalem Ratzinger Cardeal da Santa Igreja Romana, Ratzinger
qui sibi nomen imposuit Benedicti Decimi Sexti. Que adotou o nome de Bento XVI.
[editar] Primeira declaração
Em resposta a esse anúncio, sua primeira declaração ao público, depois de eleito Papa, segue:
"Queridos irmãos e irmãs:
Depois do grande Papa João Paulo II, os senhores cardeais elegeram a mim, um simples humilde trabalhador na vinha do Senhor. Consola-me o facto de que o Senhor sabe trabalhar e actuar com instrumentos insuficientes e, sobretudo, confio nas vossas orações. Na alegria do Senhor ressuscitado, confiados em sua ajuda permanente, sigamos adiante. O Senhor nos ajudará. Maria, sua santíssima Mãe, está do nosso lado. Obrigado."
[editar] O nome "Bento"
Primeira bênção de Natal de Bento XVI, 25 de dezembro de 2005
A escolha do nome Bento é uma provável homenagem ao último papa que adoptou o nome Bento, que foi o italiano Giacomo della Chiesa, entre 1914 e 1922. Conhecido como o "Papa da paz", Bento XV tentou, sem sucesso, negociar a paz durante a Primeira Guerra Mundial. O seu pontificado foi marcado por uma reforma administrativa da igreja, possuindo um caráter de abertura e de diálogo. Além disso, Bento XVI sempre foi muito ligado espiritualmente ao mosteiro da beneditino de Schotten, perto de Ratisbona, na Baviera.
Alguns analistas, como dom Antônio Celso de Queirós, vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), relacionaram a adoção do nome Bento com a atuação de São Bento de Núrsia (480-547), fundador da Ordem Beneditina e padroeiro da Europa, o que o próprio papa confirmou após a publicação das explicações sobre seu brasão. Após as invasões bárbaras, os mosteiros de São Bento foram responsáveis pela manutenção da cultura latina e grega e pela evangelização da Europa. A escolha do nome deste Santo representaria, portanto, que uma das prioridades do papado de Bento XVI será a "recristianização da Europa".
[editar] Brasão e lema
Crystal Clear app xmag.pngVer artigo principal: Brasão de Bento XVI
"O escudo adoptado pelo Papa Bento XVI tem uma composição muito simples: tem a forma de cálice, que é a mais usada na heráldica eclesiástica (outra forma é a cabeça de cavalo, que foi adotada por Paulo VI). No seu interior, variando a composição em relação ao escudo cardinalício, o escudo do Papa Bento XVI tornou-se: vermelho, com ornamentos dourados. De fato, o campo principal, que é vermelho, tem dois relevos laterais nos ângulos superiores em forma de "capa", que são de ouro. A "capa" é um símbolo de religião. Ela indica um ideal inspirado na espiritualidade monástica, e mais tipicamente na beneditina." (Da explicação do brasão pela Santa Sé)[21]
Visita ao campo de Auschwitz-Birkenau, acompanhado do presidente Lech Kaczyński da Polônia.
[editar] Expectativas como Papa
O grande mote de Joseph Cardeal Ratzinger, nos dias que antecederam o conclave, foi a questão do secularismo e do relativismo. Acreditava-se que o papa Bento XVI seria um grande defensor dos valores absolutos, da doutrina e do dogma da Igreja. "A pequena barca com o pensamento dos cristãos sofreu, não pouco, pela agitação das ondas, arrastada de um extremo ao outro: do marxismo ao liberalismo até a libertinagem, do coletivismo ao individualismo mais radical, do ateísmo a um vago misticismo, do agnosticismo ao sincretismo",[22] afirmou durante a missa de abertura do conclave que viria elegê-lo. Acreditava-se também, devido ao nome escolhido (São Bento é padroeiro da Europa), que Bento XVI voltar-se-ia para esse continente que, segundo ele, vem caindo no secularismo (abandono dos valores religiosos e redução de tudo ao espectro político de direita e esquerda).
Para Daniel Johnson[6], poder-se-ia esperar uma cruzada rigorosa contra a eugenia e a eutanásia, graças a convivência do papa com as mazelas do nazismo, mas que haveria uma abertura ao ecumenismo, principalmente em relação às igrejas ortodoxas e protestantes. Também dizia que o papa deveria entusiasmar os fiéis com suas interpretações da teologia, animando, por exemplo, os jovens com a Teologia do Corpo, que vê a sexualidade como uma emanação do amor divino.
[editar] Pensamento teológico
Bento XVI numa audiência privada (20 de janeiro de 2006)
Considerando toda a sua obra literária, as suas atitudes como sacerdote e bispo ao longo da sua vida religiosa, e ainda do que se verifica dos anos passados à frente da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, Ratzinger possui um pensamento católico ortodoxo que, para muitos de seus críticos, é tido como sendo conservador. Bento XVI tem adotado, no seu Pontificado, propostas semelhantes às do seu predecessor relativos à moral e ao dogma católico.
Na década de 1990 o Cardeal Ratzinger participou da elaboração de documento sobre a concepção humana como sendo o momento da animação. A partir da união do óvulo com o espermatozóide temos uma vida humana perante Deus. Assim, é impossível que a Santa Sé mude sua posição diante das pesquisas com células estaminais (células-tronco) embrionárias ou diante do aborto. Na verdade esperava-se que o Papa reafirmasse o Magistério constante da Igreja sobre estes e outros temas da atualidade relacionados com a Moral, a Ética e a Doutrina Social da Igreja, o que de fato ocorreu.
(Até aqui, conteúdo retirado da Wikipédia)
Tudo isso exposto, caros CQPistas, ficam questionamentos interessantes no ar...
Que coerência existe entre a primeira declaração feita pelo atual papa e a atitude do cardeal que fez a maior campanha em causa própria já vista num conclave?
O atual papa foi além, ultimamente, manifestando a legitimidade da busca por capital...Entende-se, daí, a voracidade de alguns padres nesta área!
Vale a pena então ler o artigo de Stephen Kanitz sobre o assunto:
Administradores socialmente responsáveis se sentirão fortalecidos com a nova encíclica, que defende como nunca foi defendido antes, a importância do administrador de empresas como o mentor de uma justiça social na empresa.
"Nos últimos anos, notou-se o crescimento duma classe cosmopolita de gerentes, que muitas vezes responde só às indicações dos acionistas da empresa constituídos geralmente por fundos anônimos que estabelecem de fato as suas remunerações. Todavia, hoje, há também muitos gerentes que, através de análises clarividentes, se dão conta cada vez mais dos profundos laços que a sua empresa tem com o território ou territórios, onde opera."
Nos últimos anos, leia-se 100 anos, pois em 1909, Harvard Business School identificou esta nova classe de gerentes, e criou um curso para formar administradores socialmente responsáveis, que cuidariam dos "stakeholders" e não somente dos "stockholders", como faziam os empresários.
[Papa Bento XVI em São Paulo]
Diz Bento. "Dentro do mesmo tema, é útil observar que o espírito empresarial tem, e deve assumir cada vez mais, um significado polivalente. A longa prevalência do binômio mercado-Estado habituou-nos a pensar exclusivamente, por um lado, no empresário privado de tipo capitalista e, por outro, no diretor estatal. Na realidade, o espírito empresarial há de ser entendido de modo articulado, como se depreende duma série de motivações meta-econômicas."
Só que estes novos administradores foram duramente combatidos pelos empresários que os viram como uma ameaça, e pelos dirigentes estatais, ao longo destes 100 anos.
Ou seja, a opção mercado-Estado, do empresário de um lado e do diretor estatal indicado pelo Partido do outro, não são as únicas opções. Existe outra, a qual temos defendido há 100 anos, de entregar ou pulverizar o poder a milhares de administradores socialmente responsáveis. Algo que a esquerda e a direita, incluindo a Igreja, nunca defenderam. Até agora!
"Apesar dos parâmetros éticos que guiam atualmente o debate sobre a responsabilidade social da empresa não serem, segundo a perspectiva da doutrina social da Igreja, todos aceitáveis, é um fato que se vai difundindo cada vez mais a convicção de que a gestão da empresa não pode ter em conta unicamente os interesses dos proprietários da mesma, mas deve preocupar-se também com as outras diversas categorias de sujeitos que contribuem para a vida da empresa: os trabalhadores, os clientes, os fornecedores dos vários fatores de produção, a comunidade de referimento."
Papa Bento repete a nossa luta pela defesa do "stakeholder", contra a direita que sempre defendeu o "stockholder", e a esquerda que sempre defendeu o "stockholder Estado", com todos os problemas de autoritarismo que a história retratou.
Papa Bento não percebe claramente este novo protagonista do administrador, parece que ele está sugerindo que este protagonismo seja criado, mas já é um avanço. Falta uma comitiva de administradores mais religiosos fazer uma peregrinação ao Vaticano, e contar a nossa história de 100 anos.
Uma das razões que Harvard decidiu criar o curso já em nível de Pós-Graduação, foi para dar status imediato a esta nova classe. Harvard só tinha 3 cursos de Pós: Medicina, Direito e Teologia.
"Precisamos criar um novo protagonista da ética e da moral, já que nossos teólogos estão perdendo espaço, e nossos advogados estão preferindo as bancas de Wall Street e não a magistratura", defendia o Dean de Harvard na época.
Com 100 anos de atraso, este apoio incial do Papa é bem-vindo e precisa ser divulgado.
(termina aqui o artigo de S.K.)
Por enquanto é só....
Apenas para sabermos com quem estamos lidando!
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Um comentário:
sobre o nazismo... pq o vaticano não excomungou os padres envolvidos com este regime?? o bispo Alois Hudal foi membro honorario do NSDAP.o primaz austriaco Innitzer apoiou anexação nazista da Austria....
o monsenhor Tiso foi ditador da Slovakia (protetorado nazi)....
o clero croata foi cumplice ativo do ditador genocida Ante Pavelic.... isso a ponto de padres chefiarem tropas e campos de exterminio....
o bispo esloveno Gregory Rozman foi colaborador nazi.
beleza... a igreja foi "inimiga extrema" dos nazis....
Pq nao puniu os padres metidos com o nazismo???
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