sábado, 1 de novembro de 2008

Essa cara é um bostético...

... do contra (idioticamente, aliás), sem motivo, apenas para se sentir especial.
Mas, tenho que ler com cuidado esse artigo que encontrei assidentalmente (será?) e refletir, pensando que mesmo estando errado, ele tem razão! (o_O)
Ps.: Obviamente, apoio o robô quanto a idéia de fazer um documentário! pode deixar que eu filmo! Hauuhaeueu.

Coluna de Diogo Mainardi sobre a posse do Papa Bento XVI

Diogo Mainardi - Revista Veja - Edição 1902 - 27 de abril de 2005

A revolução geriátrica


"A fé verdadeira, segundo Joseph Ratzinger, exige maturidade. É para adultos. É para gente grande. Não para a rapaziada, que sofre de 'fraqueza mental'"

O melhor de todos foi eleito – Joseph Ratzinger. Sua maior qualidade é o profundo menosprezo que ele tem pelos jovens. Um bom exemplo do menosprezo ratzingeriano foi dado na homilia que antecedeu a eleição papal, na última terça-feira, quando ele ridicularizou a ala reformista da Igreja Católica comparando-a a um menor de idade. A fé verdadeira, segundo Ratzinger, exige maturidade. É para adultos. É para gente grande. Não para a rapaziada, que sofre de "fraqueza mental", sendo permanentemente "jogada pelas ondas e atirada de um lado para o outro por qualquer vento de doutrina".

Ratzinger tem razão. A grande ameaça à civilização ocidental é a infantilização da sociedade moderna. Na homilia da última terça-feira, ele afirmou que a Igreja Católica pode oferecer uma única resposta contra a barbárie infantilizadora: o fundamentalismo religioso. O papado de Ratzinger não tentará estabelecer um diálogo com a modernidade. Não aceitará o debate sobre o divórcio, a contracepção, o aborto, a eutanásia. Não mudará os dogmas da Igreja para adaptá-la à realidade dos dias de hoje. Pelo contrário. Ratzinger defende a atemporalidade da fé. Leonardo Boff declarou que, a partir de agora, "a Igreja terá mais dificuldade para ser reconhecida, especialmente pelos jovens". É verdade. A questão é que Ratzinger está se lixando para o reconhecimento dos jovens. Aliás, está se lixando também para o reconhecimento de Leonardo Boff. Ratzinger prefere assistir ao esvaziamento da Igreja a ceder ao catolicismo auto-indulgente praticado por aí. Sua mensagem é clara, e pode ser facilmente compreendida por qualquer menor de idade imbecilizado: o papa não irá correr atrás dos fiéis. Os fiéis é que deverão correr atrás dele, se não quiserem arder no fogo do inferno.

O menosprezo de Ratzinger pelos jovens é antigo. Seus biógrafos atestam que, no Concílio Vaticano II, ele era considerado um teólogo reformista, mas mudou de idéia depois de testemunhar o vandalismo dos estudantes em 1968. Duas décadas mais tarde, ele promoveu uma célebre cruzada contra a música "rock", por seu poder de "abater as barreiras da personalidade, e livrar o homem do peso da consciência". Nesse aspecto, Ratzinger é o exato oposto de João Paulo II. Para atrair os jovens, João Paulo II se cercou de estrelas da música popular e transformou as missas campais em grandes espetáculos profanos. Ratzinger não fará nada disso. Para ele, "a liturgia não é um espetáculo, não vive de surpresas simpáticas, cativantes, e sim de repetições solenes". Numa sociedade cuja maior preocupação é entreter e seduzir os jovens, Ratzinger tem a ousadia de lhes oferecer apenas seu menosprezo e seu sentimento de superioridade. A meninada é conformista, acomodada, titubeante. A revolução geriátrica de Ratzinger pretende enfrentá-la com o rigor intelectual, a insubmissão e o absolutismo.

Dá até uma certa pena de não ser católico.

2 comentários:

Didier disse...

Caro Revlentov
Segue minha contribuição, como havia prometido.

1-Qual a realidade do alcance dos métodos de evangelização, discurso, empatia e até mesmo do alcance do próprio rito, da igreja na modernidade?
A realidade é sombria, por que o alcance é pífio. A evangelização e os ritos estacionam e recuam diante do discurso vazio, da falta de prática cristã nas relações mais básicas. Falta sensibilidade para o clero e compromisso para os leigos. E uma coisa depende da outra. Vivemos um momento claro de transição na igreja real, chão. Uma geração que está se acabando não quer se desapegar do antigo “modus operandi”, no qual os sacerdotes são seres superiores que não erram. Eles precisam acreditar nisso se não a sua própria fé vai ruir. É uma fé baseada em ícones. Conseqüência histórica natural de uma igreja que sempre precisou de imagens... A transferência da “idolatria” que, convenientemente, chamamos veneração, destas imagens para os padres, bispos e papa era de se esperar. Acontece que uma nova geração, muito mais informada e antenada, já percebeu que não depende dos padres para viver o Cristianismo de forma mais coerente do que seus pais têm vivido. Esta geração consegue ver um padre como um igual, com erros e acertos, mas já não aceita imposições inconsistentes e luta contra a hipocrisia, olho no olho. Uma cortina se fecha e, com ela, uma era de padres mitificados, verdadeiros semi-deuses que tudo podiam e faziam em nome de Deus. Outra cortina se abrirá e a igreja terá que se adaptar, de uma forma ou de outra. Insistir no erro de remar contra a realidade é repetir a soberba criminosa dos doutores da lei, escribas e fariseus da época de Jesus.

2- De que modo o rito é efetivo na espiritualização?
Quando convence, quando se tem a certeza de que a prática é condizente com o discurso. Aí as pessoas realmente comungam, se abastecem, se envolve, se comprometem. O rito, pelo rito, é vazio. Há coisa mais triste e incoerente do que um Padre celebrando sem vontade? Uma comunidade se encontrando por preceito, por obrigação, não é comunidade. É reunião de gente. Para você se espiritualizar, primeiro é necessário se colocar como necessitado. Ter humildade para saber que aquilo ali é importante na sua vida. Mas esta humildade tem que vir de dentro pra fora e, não, de fora para dentro como insistem alguns. Tem que ser conquistada, aprendida, vivenciada. Aí o rito ganha vida, ganha significado, ganha atitude, ganha razão, ganha espiritualidade. O fervor passa a ser natural. As pessoas se reconhecem nas outras, por que sabem que ali existe uma comunhão de valores. E o rito passa a ser uma ferramenta importantíssima para a administração das diferenças individuais dentro de uma coletividade que, unida, pode pensar bem parecido.

3- Praticantes por quê?
São Paulo, talvez o mais incansável entusiasta do Cristianismo, responsável direto pela disseminação da nossa fé além das fronteiras judaicas e romanas, sempre nos exortou a praticar a fé e combater o bom combate. Sem dúvida uma coisa está diretamente ligada à outra. Praticar a fé é sair do discurso e agir. Agir, necessariamente, significa combater. Combater com as armas de Cristo: palavra, vivência, exemplo, amor. Muito além do próximo, muito além de si: “amem seus inimigos!” Mas quem é do bem deveria ter inimigos?! Sem dúvida! Tudo o que se contrapõe ao amor é nosso inimigo. Praticar a fé é exercitar o espírito, é aprofundar a alma, é celebrar a vida. É fazer a diferença num mundo de pensamento cada vez mais igualem seu egocentrismo. È construir a igualdade e a paz num mundo com diferenças sociais, econômicas, raciais, políticas e religiosas cada vez mais conflitantes. Por isso é preciso praticar o exercício da fé, da confiança, do acreditar no Deus que há no outro. Mesmo no “inimigo”...

4- Não praticantes por quê?
Pela fé na igreja fundada por Cristo e pelo total descrédito na igreja fundada pelos homens. Os católicos não praticantes vivem este paradigma. Eles acreditam em Deus, comungam a mensagem de Cristo, mas não praticam a sua fé dentro das igrejas por não se sentirem em comunhão com a hipocrisia e a incoerência que experimentam ali. Isto não significa que eles não praticam sua fé de outras maneiras, às vezes muito mais caridosas e importantes do que o mero cumprimento de um preceito. Dois lados vivendo a antítese da mensagem cristã. A igreja, em sua soberba, cagando e andando para quem se afasta, ignora e menospreza o Evangelho que diz: “não me deixes afastar de Ti um só destes filhos”. Os não praticantes simplesmente abdicam de combater o bom combate e, assim, deixam a igreja entregue aos hábitos e costumes daqueles que se consideram seus donos.

5- Na igreja católica ha espaço para todos? Existe respeito pelo diferente?
Na igreja católica que acreditamos, sim, existe espaço para todos. A igreja fundada por Cristo procura abrigar as pessoas, lhes dar amor, compreensão, perdão, entendimento, de maneira igual para todos. Como o Mestre ensinou e praticou. Jesus perdoou a adúltera, quando a igreja da época iria assassiná-la com pedras, de acordo com suas normas e leis. Jesus convidou como discípulos, pescadores e cobrador de impostos, ricos e pobres, sem distinção.
Na igreja católica atual, ao contrário, o que existe é a manifestação expressa da exclusão e da parcialidade. O que é pecado mortal para uns, é fraqueza para outros. Os que não seguem suas cartilha são excluídos. São tantos os exemplos de exclusão. Há os que são perseguidos por não se encaixarem politicamente: Frei Boff é um bom exemplo. Há os que são excluídos em razão do sexo: as freiras continuam alijadas das celebrações por serem mulheres, não podem celebrar uma missa. Os homossexuais são excluídos também, a não ser que sejam padres. Aí, convenientemente, o corporativismo se instala e há uma aceitação velada das “fraquezas humanas”. Assim, os padres pedófilos se multiplicam e também são compreendidos, perdoados, e continuam a celebrar a Eucarístia. Mas um leigo que tenha sido abandonado pelo cônjuge e agora está feliz ao lado de outra pessoa não pode comungar, pois está em pecado. E a igreja vai ditando suas normas, chegando ao cúmulo de se achar no direito até de negar o corpo de Cristo a quem não está dentro delas. Continua assassinando almas, não com pedras, mas com condenações morais e exclusões. Parece não ter aprendido com Jesus que o Amor está acima de qualquer preceito, qualquer mandamento, pois o Amor é Deus entre nós. E agora, este papa fabricado pelos marcos alemães, primeiro na história a fazer campanha aberta para sua própria eleição, manifesta sua total falta de respeito às outras religiões, minando o belíssimo trabalho de João Paulo II neste sentido.
Definitivamente: não. Na igreja de hoje não há respeito pelas diferenças. Há espaços loteados pelo interesse, pelo dinheiro e pelo poder.

6- A quem interessa o tradicionalismo?
A quem vive e sobrevive do presente, sem comprometimento nenhum com o futuro do Cristianismo. Ao egoísmo instalado em nossa igreja, claramente manifestado nos sacerdotes que seguem os interesses daqueles que mantém seus templos, os mais velhos, que por sua vez precisam deste tipo de religião de forma desesperada para se sentirem úteis, se sentirem com poder, se sentirem necessários. Não há comprometimento com as próximas gerações. Grupos e grupos de casais são formados e se instalam dentro das paróquias. Mas não conseguem trazer seus filhos para dentro delas. Fazem mil encontros, cantam, dançam, comungam com os que chegam, mas não lhes dão espaço. E eles se afastam. E quando esta geração passar? Quando estes egocêntricos morrerem? O que ficará? Estes padres e estes “senhores do engenho clerical” serão história. E os excluídos, onde estarão? Nas universais da vida? Entre os evangélicos, batistas, espíritas, budistas, islamitas? Ou terão resistido em sua própria fé, criando ilhas próprias de prática cristã, isoladas e sem unidade, distantes e “traumatizadas”? Tradição e fundamentalismo muitas vezes se confundem. O próprio Jesus chegou reformando muitos dos seiscentos e tantos mandamentos de sua época. Simplificando a vivência do amor. Esta atitude gerou ira, intriga, inveja, sede de sangue. E hoje? Ir contra tais interesses, o que poderá gerar? Quem quer levantar a voz no deserto e ser decapitado? Quem quer ser crucificado nos dias de hoje? Como Lennon em sua bandeira pela paz no mundo, como Ghandi em sua bandeira pela não violência, não somos os únicos sonhadores. E esperamos que um dia você se junte a nós.

7- Mudar é preciso ou mudar é danoso?
Mudar é fundamental. Danoso seria fincar o pé nesta lama toda. Mudar é questão de sobrevivência. Não precisa muito. Não há porque mudar o essencial, mas o supérfluo. Não há porque mudar a palavra, mas a atitude. Chega de omissão, que também é “pecado mortal” quando convém.... Chega de conveniência. Se for para ser como manda a lei, que seja para todos. Ou que não seja mais pra ninguém. Mudar é uma questão de coragem. De combater os velhos vícios, a corrupção, a hipocrisia, a falta de transparência, a sexualidade enrustida, as “fraquezas perdoadas”, o auto-desrespeito aos votos de castidade, de obediência e de pobreza, ao celibato. Mudar é fundamental! É reconhecer Deus na mulher, oferecendo a ela a mesma oportunidade de celebrar. Por que seria uma freira menos digna de consagrar do que um padre pedófilo? Mudar é uma questão moral, ética, verdadeiramente cristã.

8- A igreja se fiscaliza, tanto por leigos como laicos, na manutenção da mensagem de Cristo?
Não. A igreja se basta. Vive de poder e obediência. Defende a doutrina do amém. È porque é e ponto final. Num estado assim, não há fiscal porque não há liberdade. Não haverá punição. Não irão cortar a própria carne. Os leigos, velhos e débeis, vivem seu momento e não querem mais conflitos. Os que têm energia e idealismo são radicais.

9- O que é mais importante para a difusão da palavra: o modo ou o conteúdo?
A coerência. O modo e o conteúdo podem e devem se adaptar a contextos, sem abrir mão de sua essência. Muito mais o modo que o conteúdo. Mas a coerência entre o que se diz, como se diz e o que se faz é que constrói as fundações, solidifica os alicerces, levanta as estruturas e edifica uma comunidade. Modo sem conteúdo é vão. Conteúdo sem modo também. Os dois juntos sem coerência também vão pra lata do lixo.

10- Pregamos em grego para os índios?
Atualmente pregamos somente o vazio que ecoa em templos vazios, caiados em suas próprias vaidades. A língua não foi o que fez Paulo converter meio mundo. Mas o entusiasmo e a vivência da sua fé. Seu próprio sacrifício. Seu martírio. Jesus veio ao mundo para falar e viver aquilo que as pessoas precisavam ouvir e ver. A igreja não faz isso em nossos dias. Os padres, na sua imensa maioria não o fazem. Os leigos ficam esperando pelos padres. E nos acomodamos a repetir semanalmente liturgias insossas, que não trazem mais nada a ninguém. É natural que às vezes nos sintamos gregos, ou índios, nesta realidade.

11- Quem é pior: o santo egoísta ou o diabo altruísta?
Não existe nem um nem outro. Quem é egoísta não pode ser santo. E o diabo não pode ser altruísta. Ele sempre estará pensando no mal como fim. Isso é egocentrismo.
Então, numa balança, o peso é igual. Os dois são péssimos! Lobos em pele de cordeiros. E infestam nossas comunidades e nossa igreja. E enquanto a vaidade, o egoísmo e a soberba assolam, todos silenciam. Falar neste momento, apontar estes erros, não nos faz melhores do que ninguém. Somos humanos e erramos muito. Mas temos um ideal ainda vivo, apesar de tudo isso. Falar é necessário, é preciso. Hoje somos seis. Amanhã, quem sabe? Pode ser a hora da gente ir embora. Todo fim de tarde, o sol morre, a lua chora. Melhor não nos omitir, enquanto este sol está tão vivo!

Gabriel disse...

Esse é o problema de se dar poder a quem o deseja a muito tempo ...os fariseus continuam vivos apenas mudaram de lado...não entendo o porque de retroceder num momento tão oportuno..."que venham a mim as criancinhas"...foi o que Cristo falou...e com isso ele mostrou que não importa a idade..."pois é nelas que está o reino dos céus"...e sim a sua fidelidade a Deus...a fé é atemporal e não pode existir a partir de regras...idade ou o que seja...é somente crer...e sendo assim, seja uma criança, jovem ou adulto "maduro", todos tem a sua forma de crer em Deus...vocês só não podem entregar as "ovelhas" aos "lobos"...pois ai sim o reino de Deus que habita na inocência...na força juvenil...irá se extinguir...e toda uma luta para que a palavra de Cristo chegue a todos será impossivél de ser realizada...