domingo, 9 de novembro de 2008

E Jesus se enfureceu...


"Marcos 11:15 E foram para Jerusalém. Entrando Ele no templo, passou a expulsar os que ali vendiam e compravam; derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas.
Marcos 11:16 Não permitia que alguém conduzisse qualquer utensílio pelo templo;
Marcos 11:17 também os ensinava e dizia: Não está escrito: A minha casa será chamada casa de oração para todas as nações? Vós, porém, a tendes transformado em covil de salteadores."

Em uma das maiores manifestações da sua humanidade, Jesus, o pacífico cordeiro de Deus, "consumido pelo zelo com a Casa de seu Pai", explode num acesso de fúria diante do inaceitável:
a casa do bem transformada em morada do mal!

Muita gente acha difícil enxergar a cena de Jesus, irado, chicoteando pessoas, dando pontapés em mesas, soltando animais, gritando, pocesso, como um louco, dentro de uma "igreja"...

Muita gente acha esse evangelho incompreensível.

Eu me pergunto que ser humano não reagiria ao ver o nome ou a casa de seu pai violentados por tudo aquilo que fosse contrário ao que ele sempre ensinou?
Eu me pergunto que fé é essa que professa que somos imagens e semelhança de Deus, mas não reconhece em nós mesmos e, por conseguinte, nele também, sentimentos humanos como a ira. A ira de Deus, tão presente em diversas passagens da Bíblia...

Jesus sabia que aquela atitude iria precipitar sua condenação, pois atingia em cheio os interesses financeiros das famílias de Anás e Caifás, sumos sacerdotes de sua época. Era elas que exploravam o comércio no templo. Naquela Páscoa, Jesus deve ter dado um enorme prejuízo a seus algozes. Eles podiam tolerar tudo, mas aquilo ja era demais...

E hoje, quem são os vendilhões do templo? Quem são os que fazem da casa de Deus um covil de ladrões?

A resposta é simples e bastante dura: todos os que misturam fé e lucro pessoal ! Todos! Sacerdotes e leigos. Todos!

O que começa com uma bem intencionada ação para obter recursos para esta ou aquela obra necessária pode se transformar num grande negócio. Em um negócio que se torna, de repente, mais importante dentro de uma comunidade do que o próprio exercício da fé cristã. Basta, para isso, um sacerdote mal intencionado, que conduza ovelhas irracionais para este caminho...Estas ovelhas que ao invés de "béeeeeeeeeeee", o seguem berrando sempre "amémmmmmm", vão sendo envolvidas e também acabam por envolvê-lo e a prática da fé cristã se transforma num grande negócio, sempre para poucos... Espiritualidade, zero! Pratica da caridade, zero! Conteúdo, zero! E os eventos se multiplicam, as obras se somam, as interferências para a captação de dinheiro se avolumam. Viúvas são exploradas, inocentemente...E a casa de Deus continua sendo transformada em um covil de ladrões.

E os que têm a coragem de levantar a voz e questionar este tipo de realidade são alijados dela, como aqueles que querem a desunião, como radicais, como loucos...
Que grande conforto devem sentir interiormente por "serem perseguidos por causa da justiça"
Como devem se sentir bem aventurados "cada vez que os injuriam e os perseguem por causa do nome" daquele que foi o primeiro a dar o exemplo pelo que deveríamos lutar...

E Jesus se enfureceu....E hoje? Como está o Jesus dentro do seu templo? Feliz ou triste ao ver no que se transformou a igreja que Ele fundou? Fica esta incômoda pergunta para sua meditação...
E uma sugestão...Deixa Ele expulsar de dentro de você os vendilhões que impedem que pelo menos a sua casa se transforme numa casa de orações para todos com os quais você se encontrar!

Amém e muita paz, sempre!

3 comentários:

Miguel the Monk Punk disse...

Em análise, sempre vi esse episódio como o mais validador dos evangelhos. Essa atitude do mestre Jesus condiz perfeitamente com sua humanidade. E sua verdade.

A igreja hoje, certamente, não se parece nada com a igreja fundada por Jesus. O curioso é a intolerância dos sacerdotes à mudança, onde a igreja é sempre colocada como freio moral da sociedade, mas não se negou a adocionar essas práticas marcantilistas a celebração.

Não é possível (ao menos no atual status quo) fazer mudanças para tornar a celebração mais espiritualizada, contextualizada e prazeirosa ao leigo (talvez pq isso aumente a importância do povo e diminua a do celebrante). Mas nos últimos 2000 anos as maledicências, monetarizações e monólogos se fixaram ao rito de maneira quase indissociável.

As favas com o discurso vazio e a monetarização da assembléia. Abram-se as portas do templo para colocar o povo pra dentro, mas tb para expulsar os vendilhões, falsos profetas, auto-indulgentes, mentirosos, auto-idólatras, beatificados em vida e beatificadores.

Didier disse...

viva miguel

Gabriel disse...

Interessante a exposição do jovem humano...vejo que ainda existem poucos com visão...e que enxergam realmente o que está acontecendo...vocês descriminam tanto as outras "religiões" que vivem do poder da "fé no dinheiro, no sucesso financeiro e profissional"...e terminam agindo da mesma forma...vejo que a caridade precisa voltar a estar nos templos construídos por vocês para adoração a Deus e Cristo...porém vejo também "bingos", "jantares","encontro em lugares badalados", e não enxergo, beneficiencia, fraternidade e encontros espirituais...para que todos sejam iguais...a igreja vive em castas...os mais abastados são lembrados...os menos coitados...acho que nem existem para os seus "pastores"...e o como sempre tudo está errado...o que se passa na vida real é o que já aconteceu e está escrito..."o rico pedindo um pouco de agua ao pobre que ele mesmo negou uma água em vida"...e acredito que no dia do julgamento...o vendilhões estarão tentando ver como "comprar" a sua redenção perante a Deus...e ai já será tarde demais...muito tarde...