segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Enfim, Bento!
Declaração do papa sobre uso de preservativo é bem recebida
Agência Brasil
BRASÍLIA - Grupos classificados como progressistas da Igreja Católica e ativistas da luta contra o HIV/aids receberam bem a declaração do papa Bento XVI de que o uso de preservativo é aceitável “em certas situações”.
A afirmação foi divulgada pelo L'Osservatore Romano, jornal do Vaticano, que publicou trechos de um livro baseado em uma série de entrevistas com o pontífice. Ainda sem lançamento previsto no Brasil, o livro se chamará Light of the World: the pope, the church and the signs of the times (Luz do mundo: o papa, a Igreja e os sinais dos tempos, em tradução literal).
Inicialmente o pontífice defendia que o uso de camisinhas colocava em risco a saúde pública e ampliava o problema da aids em vez de ajudar a conter a doença. Agora o papa afirma que em casos de prostituição, por exemplo, o uso do preservativo seria "um ato de responsabilidade moral".
Bento XVI destacou, entretanto, que o preservativo não deve ser considerado “o caminho para lidar com o mal da infecção pelo HIV". O papa disse ainda que a “obsessão quanto à camisinha implica a banalização da sexualidade”, o que tornaria o sexo não mais uma expressão do amor, “mas somente uma espécie de droga que as pessoas administram a si mesmas”.
O programa das Nações Unidas contra o HIV/Aids (Unaids) classificou os comentários do papa como "um passo adiante significativo e positivo". Segundo o órgão, a declaração reconhece que um comportamento sexual responsável e o uso de preservativos têm um papel importante na prevenção do HIV.
Para o Movimento de Acesso ao Tratamento do Quênia, que combate o avanço do HIV no país, o posicionamento do papa reflete a realidade de que a abstinência sexual nem sempre funciona.
Finalmente, Bento...
Uma luz no meio do túnel...
A igreja assumindo um papel mais humano, mais antenado, menos radical...
Perfeito não banalizar o sexo, mas isto agora é dito com algum nexo, com a autoridade de alguém que demonstra compreensão e discernimento em relação aos problemas do mundo atual...
Enfim, Bento!
Espero somente que não saia nenhuma nota retificadora ou que o papa tenha que vir a público pra dizer que não foi bem isso que quis dizer...
Espero que tenha sido isso sim!
Dito e, com o perdão do trocadalho, muito bendito!
terça-feira, 19 de outubro de 2010
O Calvário de um Sacerdote
Procurado por um amigo para oferecer uma escuta imparcial e uma palavra solidária a um padre que anda se questionando sobre sua vocação, resolvi presenciar mais uma missa deste sacerdote, antes de me apresentar a ele.
Comunidade vibrante, instalações modernas e confortáveis, músicas selecionadas e bem executadas, leitores bem treinados, uma homilia brilhante, tudo, liturgicamente, exemplar. Fiquei me perguntando, logo após a sua fala, o porque daquele questionamento interior em um sacerdote vivendo um ambiente tão acolhedor à sua pessoa.
Em sua homilia ele trouxe uma belíssima e oportuna reflexão sobre oração e individualismo. De forma clara e bem direta fez uma "catequese" sobre a importância de coletivizarmos nossos pedidos, procurando não intervir ao Pai, de maneira egoísta. E citou exemplos: "Se você vai pedir por sua mãe, que está doente, peça por ela e por todos aqueles que padecem da mesma doença".
Comecei a entender o motivo dos questionamentos vocacionais do tal padre quando, na oração dos fiéis, ao abrir espaço para orações espontâneas, ele escutou mais de uma dezena de orações completamente individualizadas, direcionadas ao parente doente, ao amigo falecido, indo de encontro a tudo o que havia sido pregado há poucos instantes pelo pobre sacerdote.
Fiquei com pena, tenho que confessar.
Imaginei a ducha de água fria que ele recebeu. Pensei no tempo que ele dedicou a preparar aquela homilia. Pensei na forma equilibrada e amiga com a qual se dirigiu à comunidade e quase pude ler seus pensamentos, me associando a eles: "Será que ninguém escutou? Será que ninguém entendeu nada do que foi dito?"
Sei que esta paciência de semear é inerente à missão de um pastor. Tenho certeza de que não é só isto que o faz pensar em desistir.
Mas me coloquei naquele momento em seu lugar...
Numa igreja que, institucionalmente, tem se afundado em incoerentes hábitos e hipócritas manifestações, nas quais o poder, o status, o dinheiro, cada vez têm mais importância e a essência cristã menos.
Numa igreja que valoriza crescentemente a forma e não o conteúdo.
Numa igreja que tem se mostrado parcial, corporativa, inconsistente, amoral.
Nesta igreja contemporânea, que deve fazer muitos sacerdotes questionarem a própria vocação, a gota d'água pode ser esta: sentir-se semeando no deserto ou na rocha. Deve, realmente, ser duro! Muito duro...
Após a missa, apenas me apresentei e ofereci um abraço.
Tentei ser uma mão estendida no deserto daquele sacerdote. Ser um Cirineu no seu calvário. Dividir um pouco a sua cruz...
Ao sair daquela sacristia, focado como estava naquela situação, tive a tentação de rezar por ele.
Um sopro divino me lembrou de suas palavras a tempo e acabei fazendo uma oração por aquele e todos os outros sacerdotes que estão passando por isso...
Que Deus tenha piedade de suas angústias, suas dores, suas dúvidas. E ilumine o caminho de cada um deles, amém!
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Em tempos de pedofilia é quase um pedido de clemência!
Papa aos Coroinhas: continuem servindo a igreja comgenerosidade e fidelidade - 04/08/2010 - 10:04
Bento XVI encontrou-se, esta manhã, na Praça São Pedro, com cerca de sessenta mil coroinhas europeus, no âmbito da Audiência Geral desta quarta-feira.
Os coroinhas são meninos e meninas que participam da décima peregrinação europeia promovida pelo "Coetus internationalis ministrantium" (CIM). O tema da peregrinação deste ano é "Beber da verdadeira fonte". Os meninos e meninas quando se tornam moças e rapazes normalmente continuam exercendo a função de coroinhas. Uma grande imagem de São Tarcísio, padroeiro dos coroinhas, foi colocada na Praça São Pedro.
O Papa exortou os coroinhas a continuarem servindo com generosidade e fidelidade a Igreja e ajudar os sacerdotes a tornar Jesus mais presente no mundo. O pontífice recebeu um lenço branco do presidente do CIM como recordação da peregrinação.
Bento XVI saudou em várias línguas os coroinhas e peregrinos presentes na Praça São Pedro. Eis o que disse em português.
"Amados peregrinos vindos do Brasil, de Portugal e demais países de língua portuguesa, sede bem-vindos! A todos saúdo com grande afeto e alegria, de modo especial a todos os acólitos e coroinhas aqui presentes. Que a exemplo do vosso padroeiro, São Tarcísio, possais crescer sempre mais no amor à Eucaristia que é o tesouro mais precioso que Jesus nos deixou. Que Deus derrame os seus dons sobre vós e vossas famílias, que de coração abençôo. Ide em paz!"
A seguir, o Papa fez um apelo em favor das populações atingidas, neste período, por graves calamidades naturais que causaram perdas de vidas humanas, feridos e estragos, deixando numerosas pessoas sem-teto.
"Penso primeiramente nos grandes incêndios na Federação Russa e nas devastadoras enchentes no Paquistão e no Afeganistão. Rezo ao Senhor pelas vítimas e estou próximo espiritualmente de todos aqueles que sofrem provações por essas adversidades. Por eles peço ao Senhor conforto no sofrimento e o apoio nas dificuldades. Desejo também que não lhes falte a solidariedade de todos" – ressaltou o Papa que concedeu a todos a sua bênção apostólica.
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Simples assim. Nada mais natural.
Retira do do Blog dos correspondentes do UOL: http://pelomundo.folha.blog.uol.com.br/arch2010-08-08_2010-08-14.html#2010_08-10_04_27_15-148393557-26
Anne Rice, o papa e "True Blood"
LOS ANGELES
Em 1998, a famosa escritora de romances vampirescos Anne Rice deixou de lado o ateísmo e voltou a frequentar missas. Nos anos 2000, escreveu até um livro sobre Jesus, "Cristo, o Senhor: Fuga do Egito".
Mas, agora, a autora de “Entrevista com o Vampiro” mudou de idéia. Desistiu da Igreja Católica, desistiu de ser cristã. E anunciou o fato na sua página do Facebook.
Criada em família cristã, a escritora americana (acima, em foto da Reuters de 10 anos atrás) deixa a igreja pela segunda vez. A primeira foi nos anos 60, quando passou a estudar obras de Sartre, Camus e o existencialismo.
“Em nome de Cristo, eu me recuso a ser anti-gay. Eu me recuso a ser anti-feminista. Eu me recuso a ser anti-controle de natalidade. Eu me recuso a ser anti-democrata. Eu me recuso a ser anti-ciência. Eu me recuso a ser anti-vida”, escreveu na sua página na internet.
Em entrevista ao “Los Angeles Times” no final de semana, ela falou que a gota d´água foi a notícia de um bispo em Phoenix (EUA) que condenou publicamente uma freira após ela ter autorizado um aborto que salvou a vida de uma mulher num hospital da cidade. Ela também ficou consternada quando o papa Bento 16 foi à África e condenou o uso de camisinha.
Para quem espera que ela volte a escrever sobre vampiros, pode esquecer.
“Estou planejando uma nova série sobre imortais, é uma ideia para um thriller metafísico”, disse Rice ao jornal. “Há muitas ideias maravilhosas quando se quer escrever sobre imortais. Vampiros foram a minha primeira tentativa, e eu não vou voltar a eles.”
Mas a escritora de 68 anos assiste a seriados vampirescos como "True Blood" e ainda faz comentários bastante pontuais em seu site pessoal.
"Como Bill e Jessica entraram na casa de Sookie sem serem convidados por ela? Para mim, Joe Manganiello, que faz Alcide, é a melhor novidade do elenco", escreveu há duas horas.
terça-feira, 8 de junho de 2010
IGREJA CATÓLICA (Dinheiro sempre dá confusão)
Por Giulio Sanmartini, de Belluno (Itália) em 9/10/2007
Na Itália, desconta-se do pagamento recebido 0,8% (o oito por mil) de Imposto de Renda, que aqui é chamado imposta sul reddito delle persone fisiche – IRPEF. O contribuinte tem seis entidades religiosas e o Estado para escolher para onde irá seu dinheiro [Igreja Católica Apostólica Romana, o Estado, Igreja Evangélica Valdelsa, União das Comunidades Hebraicas Italianas, Igreja Evangélica Luterana na Itália, Assembléia de Deus e União das Igrejas Cristãs Adventistas do Sétimo dia]. A Igreja Católica Apostólica Romana abocanha 89,81% do total dessa arrecadação, o que, traduzido em dinheiro, equivale a 1 bilhão de euros (mais de R$ 2 bilhões).
Nesta última quarta feira (3/10), o jornalista Curzio Maltese, de la Repubblica, publicou artigo em que o título já diz tudo: "Aonde vai acabar o oito por mil, segredo de um bilhão de euros" (Dove finisce l’otto per mille segreto da um miliardo di euro).
O mundo publicitário considera as campanhas do oito por mil um modelo de comunicação, que a Igreja Católica, a cada primavera, veicula na mídia. Boas tomadas, excelentes fotografias e músicas de Morricone. Foi exatamente nos gastos dessa área que Maltese fez suas pesquisa. Na campanha para acudir os atingidos pelo tsunami que em 26/12/2005 atingiu a Tailândia e Indonésia deixando 230 mil mortos, a Igreja contratou a Saatchi&Saatchi por 9 milhões de euros, mas, segundo a Conferência Episcopal Italiana, foram doados aos flagelados somente 3 milhões, isto é gastou três vezes mais com a propaganda do que com o objetivo da campanha.
Hipocrisias e meias-verdades
Fiéis e não fiéis estão convencidos (pela propaganda) que a Igreja Católica usa os fundos do oito por mil acima de tudo para a caridade na Itália e nos países do terceiro mundo. Todavia, a realidade se mostra bem diferente: do total para esse fim são gastos somente 20% e os restantes 80% ficam na Igreja.
Em 1996, uma voz já esquecida resolveu falar sobre o assunto. Foi a católica ministra para a Solidariedade Lívia Turco, que propôs destinar a cota estatal do oito por mil a projetos para a infância carente. O fato abespinhou o tesoureiro do Vaticano, monsenhor Attilio Nicora, que de forma seca encerrou o assunto: "O Estado não pode fazer concorrência desleal à Igreja". Maltese procurou a ex-ministra e dela ouviu: "Na minha ingenuidade, pensei que a proposta encontrasse a boa recepção de todos, inclusive da igreja, uma vez que a Itália é o país da União Européia com mais alto percentual de pobreza infantil. Ao contrário, a reação da Igreja foi duríssima e, aborrecida, logo me isolei da política: vivi a vicissitude com grande amargura."
Para a Igreja, o trabalho de Maltese não passou batido. O jornal dos bispos Avvenire e o hebdomadário Famiglia Cristiana lançaram-se contra a pesquisa de la Repubblica.
O Avvenire fala de totais hipocrisias e meias-verdades, enquanto a Famiglia Cristiana pergunta: "Quem quer reduzir ao silêncio os católicos?" E continua: "Os padres são vistos como libertinos pedófilos e molestadores sexuais, verdadeiros filhos de Sodoma e Gomorra, enquanto a Igreja é apresentada como um peso falimentar que necessita de ajudas do Estado."
Deus não quer que sobreviva
Ezio Mauro, diretor de redação de la Repubblica, por seu lado, não fez a resposta esperar:
"Conduzir uma investigação jornalística, recolher opiniões, apresentar cifras e balanços tomados de fontes oficiais católicas, por que deve constituir uma ameaça ou uma conspiração para eliminar o pensamento católico do espaço público? Não me consta que na Concordata (Tratado de Latrão, que separou o Reino da Itália do Vaticano), conste talvez uma cláusula desconhecida, que estabeleça áreas para o exercício do jornalismo livre. Ou que os financiamentos da Igreja devam sofrer uma censura não prevista a outras instituições italianas e ocidentais em vigor somente nos países não democráticos?"
A Igreja Evangélica Valdelsa (do século 12), à qual são destinados 1,43% da arrecadação do oito por mil, dá sua opinião através da "moderadora" Maria Bonafede: "O dinheiro dos oito por mil vem da sociedade e para ela deve voltar. Se uma Igreja não se consegue manter com as contribuições espontâneas, é sinal que Deus não quer fazer com que tenha sobrevivência."
Banco do Vaticano é acusado de lavagem de dinheiro
DA FRANCE PRESSE, NO VATICANO
O IOR (Instituto para as Obras Religiosas), conhecido popularmente como o Banco do Vaticano, está sendo investigado pela justiça italiana por uma suposta lavagem de dinheiro, informou nesta terça-feira o jornal "La Repubblica".
O banco, que administra as contas de diversas ordens religiosas, assim como de associações católicas, é uma instituição da Igreja Católica que se beneficia da extraterritorialidade, já que se encontra na Cidade do Vaticano e não se rege pelas normas financeiras vigentes na Itália.
O Instituto esteve envolvido em um escândalo político-financeiro nos anos 1980, pela quebra, em 1982, do Banco Ambrosiano (do qual o Vaticano era um acionista importante) devido ao peso de uma dívida de US$ 3,5 bilhões e um rombo fiscal de US$ 1,4 bilhão.
Segundo o "La Repubblica", 10 bancos italianos, entre eles os poderosos Intesa San Paolo e Unicredit, estão envolvidos no caso.
A justiça italiana suspeita que o Banco do Vaticano administre por meio de contas anônimas, identificadas apenas com as siglas IOR, importantes somas de dinheiro de procedência incerta.
Segundo o jornal, em 2004 "cerca de 180 milhões de euros circularam em dois anos" sem que tenha sido fornecida a identidade dos autores da transação, como exige a lei italiana.
"Indaga-se sobre a possibilidade de que pessoas com residência fiscal na Itália utilizem o IOR para esconder crimes como fraude e evasão fiscal", afirma a reportagem.
"Tratam-se de contas suspeitas", segundo os promotores de Roma citados pelo jornal, que podem solicitar uma rogatória internacional para identificar as instituições e pessoas que se beneficiaram com as operações e descobrir se, assim, entrou dinheiro ilegalmente na Itália.
Há menos de um ano, IOR designou como presidente Ettore Gotti Tedeschi, representante então na Itália do grupo Santander, para substituir Angelo Caloia.
O banqueiro Caloia foi encarregado por João Paulo II em 1989 para a primeira limpeza na administração das contas papais após o escândalo do Banco Ambrosiano, o que permitiu descobrir as ações do tristemente célebre monsenhor americano Paul Marcinkus, o chamado "banqueiro de Deus", falecido em fevereiro de 2006.
Contas milionárias de fundações fantasma, transferências de dinheiro sem controle e vínculos com mafiosos são algumas das revelações do recente livro sobre as finanças da Santa Sé, escrito pelo italiano Gianluigi Nuzzi, com o título de "Vaticano Spa".
O livro denuncia o "período pós-Marcinkus", a década iniciada após o escândalo pelos negócios turvos entre o IOR e o Banco Ambrosiano. (O Arcebispo Paul Marcinkus, na foto, era tesoureiro do Vaticano na época)
quarta-feira, 31 de março de 2010
Uma opinião interessante
do Poeta, ex-secretário de Cultura e escritor Jorge da Cunha Lima.
31/03/2010 - 13:02
A IGREJA CATÓLICA E A PEDOLFILIA
Hoje me alongo, porque o assunto é muito sério.
Não me lembro se foi Bloy, o mais sofrido dos escritores católicos que disse: “A Igreja é uma mulher esfarrapada, sempre a procura de Cristo”. Entendi que o dito refere-se à miséria das instituições humanas e sua obsessão de perseguir a religiosidade de Cristo, se instituição divina. Anos depois de me impressionar com essa citação encontrei em Estrasburgo o maior teólogo da Igreja Católica, responsável por grande parte do Concilio Vaticano II. Estava com Fernão Bracher e Soninha. Assistimos a uma missa no batistério da Catedral. Jovem, meio ignorante e impetuoso como todo adolescente, provoquei o teólogo. -Só há injustiça no mundo e não vejo a Igreja reagir contra isso. Calmamente o teólogo me respondeu: “Mais, le Christ vient de naitre.” Mas, o Cristo acaba de nascer. Fiquei atônito e ele prosseguiu: Ainda não houve tempo de se criar uma sociedade verdadeiramente cristã. A assimilação do evangelho é de longa digestão, ouvi e pensei, é verdade, a história da humanidade tem milhares de anos, antes e pela frente.
Claro que um dos grandes fantasmas da Igreja sempre foi a Inquisição, muito mais do que a decantada riqueza do Vaticano. Mas a Inquisição se situa num contexto histórico e isso nunca chegou muito a me perturbar. Depois vieram as acusações de que a igreja de Pio XII pactuou com o nazismo, mas também existem milhares de testemunhos da solidariedade de católicos com os judeus perseguidos.
Então veio João XXIII que constituiu um oxigênio espiritual e humano para nós católicos. Uma benção do Espírito Santo.
Mas, não muito depois foi eleito o teólogo alemão, que se denominou Bento XVI e optou claramente por um dogmatismo total. Deixou desde o começo a idéia de que a Igreja tem uma regra e essa regra deve ser seguida a risca. Num mundo dominado pelo relativismo isso ao mesmo tempo indicava um norte. Mas a dose foi de um norte sem piedade. Buscou-se banir as heresias do dia a dia, sobretudo as heresias contra os cânone. A obediência e a responsabilidade prevaleceram sobre a caridade e a esperança. Ficamos muito confusos, com saudades de João XXIII.
Agora se revela na Igreja esfarrapada de Bloy, a pratica muito ampla da pedofilia entre monges e prelados, sobretudo na Europa e nos Estados Unidos. Tudo se enquadra na miséria humana, mas pedofilia não tem defensores nem no inferno. A tolerância humana é ilimitada, com a pedofilia não.
A hierarquia da Igreja assiste o fenômeno do alto de seu dogmatismo burocrático. Não houve um exorcismo a altura do pecado.
Contudo, o perdão não é um ato unilateral. Prevê justiça e arrependimento.
Autor: Jorge da Cunha Lima
31/03/2010 - 13:02
A IGREJA CATÓLICA E A PEDOLFILIA
Hoje me alongo, porque o assunto é muito sério.
Não me lembro se foi Bloy, o mais sofrido dos escritores católicos que disse: “A Igreja é uma mulher esfarrapada, sempre a procura de Cristo”. Entendi que o dito refere-se à miséria das instituições humanas e sua obsessão de perseguir a religiosidade de Cristo, se instituição divina. Anos depois de me impressionar com essa citação encontrei em Estrasburgo o maior teólogo da Igreja Católica, responsável por grande parte do Concilio Vaticano II. Estava com Fernão Bracher e Soninha. Assistimos a uma missa no batistério da Catedral. Jovem, meio ignorante e impetuoso como todo adolescente, provoquei o teólogo. -Só há injustiça no mundo e não vejo a Igreja reagir contra isso. Calmamente o teólogo me respondeu: “Mais, le Christ vient de naitre.” Mas, o Cristo acaba de nascer. Fiquei atônito e ele prosseguiu: Ainda não houve tempo de se criar uma sociedade verdadeiramente cristã. A assimilação do evangelho é de longa digestão, ouvi e pensei, é verdade, a história da humanidade tem milhares de anos, antes e pela frente.
Claro que um dos grandes fantasmas da Igreja sempre foi a Inquisição, muito mais do que a decantada riqueza do Vaticano. Mas a Inquisição se situa num contexto histórico e isso nunca chegou muito a me perturbar. Depois vieram as acusações de que a igreja de Pio XII pactuou com o nazismo, mas também existem milhares de testemunhos da solidariedade de católicos com os judeus perseguidos.
Então veio João XXIII que constituiu um oxigênio espiritual e humano para nós católicos. Uma benção do Espírito Santo.
Mas, não muito depois foi eleito o teólogo alemão, que se denominou Bento XVI e optou claramente por um dogmatismo total. Deixou desde o começo a idéia de que a Igreja tem uma regra e essa regra deve ser seguida a risca. Num mundo dominado pelo relativismo isso ao mesmo tempo indicava um norte. Mas a dose foi de um norte sem piedade. Buscou-se banir as heresias do dia a dia, sobretudo as heresias contra os cânone. A obediência e a responsabilidade prevaleceram sobre a caridade e a esperança. Ficamos muito confusos, com saudades de João XXIII.
Agora se revela na Igreja esfarrapada de Bloy, a pratica muito ampla da pedofilia entre monges e prelados, sobretudo na Europa e nos Estados Unidos. Tudo se enquadra na miséria humana, mas pedofilia não tem defensores nem no inferno. A tolerância humana é ilimitada, com a pedofilia não.
A hierarquia da Igreja assiste o fenômeno do alto de seu dogmatismo burocrático. Não houve um exorcismo a altura do pecado.
Contudo, o perdão não é um ato unilateral. Prevê justiça e arrependimento.
Autor: Jorge da Cunha Lima
sexta-feira, 26 de março de 2010
Abrindo para maiores comentários
Convoco aos caros CQPistas que expressem sua opinião definitiva (ou ao menos definitiva até o momento) sobre os últimos escândalos na nossa Igreja, seguindo o exemplo do caro leitor AVRELIVS nos comentários do post anterior.
Para maiores referências, acessem a mantéria do Último Segundo cliacando aqui.
Para maiores referências, acessem a mantéria do Último Segundo cliacando aqui.
terça-feira, 23 de março de 2010
Será?
Abusos sexuais derrotam o papa
O pontífice alemão chegou ao poder há cinco anos clamando contra a "sujeira" em sua Igreja, mas não conseguiu lavá-la nem erradicá-la.
Juan G. Bedoya
Em Madri
-
Bento 16, que completará cinco anos no cargo em 19 de abril; o papa não cumpriu sua promessa de acabar com a corrupção sexual e afastar os acobertadores
Há cinco anos, João Paulo 2º agonizava depois de 27 anos no cargo. Foi sucedido por Joseph Ratzinger, até então presidente da Congregação para a Doutrina da Fé (antigo Santo Ofício da Inquisição). Os cardeais logo tomaram a decisão. Sua Igreja estava mergulhada em uma grave crise de prestígio, e a solução exigia conhecimento do problema e mão firme. O alemão Ratzinger era o homem. Havia demonstrado isso na Via Crúcis de 24 de março anterior, Sexta-Feira Santa. Em cada reza das estações do fundador cristão até o Calvário, havia acrescentado comentários de programa de governo.
Na nona estação - terceira queda de Jesus sob o peso da cruz -, Ratzinger exclamou: "Quanta sujeira na Igreja e entre os que, por seu sacerdócio, deveriam estar entregues ao Redentor! Quanta soberba! A traição dos discípulos é a maior dor de Jesus. Só nos resta gritar-lhe: 'Kyrie, eleison. Senhor, salvai-nos'".
Aquela arenga lhe valeu o pontificado. Cinco anos depois, o clamor pela sujeira continua. O papa voltou a decepcionar no sábado, em sua pastoral sobre a Irlanda. Pede a seus bispos que enfrentem os problemas com "coragem", mas não prometeu sanções aos culpados nem reparações às vítimas.
A mesma atitude teve diante da corrupção dos Legionários de Cristo, tolerada durante décadas. Seu fundador, Marcial Maciel, movimentou-se nesse tempo como peixe na água por Roma. Inclusive gozou da amizade de João Paulo 2º. Mas o famoso sacerdote era um pederasta recalcitrante e teve meia dúzia de filhos. Muitas de suas vítimas foram alunos do seminário de Ontaneda (Cantábria), também submetidos a vexações por outros sacerdotes do grupo.
As denúncias contra Maciel chegaram à mesa do papa polonês durante anos. Ratzinger também as conhecia. Ambos as desprezaram. Maciel enchia estádios de futebol nas viagens do líder católico. Aquela proteção obscurece a beatificação de João Paulo 2º e ameaça a credibilidade de Ratzinger. Este papa foi eleito em 19 de abril de 2005 e não tomou qualquer medida contra os Legionários até maio de 2006.
A decisão era pano quente. O fundador não tinha outro castigo além de abandonar Roma e levar "uma vida reservada de oração e penitência" em seu México natal. A organização saía ilesa. Roma continuava surda à dor das vítimas. Só mandou investigar quando os filhos e mulheres de Maciel começaram a reclamar atenção e direitos. Com o título melífluo de "visitadores", cinco bispos estudaram o caso durante quase meio ano, entre eles o prelado de Bilbao, Ricardo Blázquez, hoje arcebispo de Valladolid. Seu relatório já está em Roma e o papa continua sem atuar.
A primeira demanda contra Maciel foi apresentada em Roma por sete de suas vítimas em 1998, com o título de "Absolutionis complicis. Arturo Jurado et alii versus Rev. Marcial Maciel Degollado", mas os abusos sexuais do fundador legionário já tinham sido investigados entre 1956 e 1959. Durante esse tempo, Maciel foi expulso de Roma. O cardeal Ottaviani, então grande inquisidor, encomendou a investigação ao claretiano basco e futuro cardeal Arcadio Larraona. Mas não resolveu nada. O despropósito chegou ao cúmulo quando, quase meio século depois, João Paulo 2º propôs Maciel como "guia da juventude" durante a viagem do distraído pontífice ao México em 1994.
Agora Ratzinger tem dados suficientes. Por que retarda uma decisão? Desde a dissolução dos jesuítas em 1773 por Clemente 14, forçado pelos reis da França, Espanha, Portugal e das Duas Sicílias - por motivos de poder, portanto -, a Igreja Católica não havia enfrentado um caso igual. O escândalo mais clamoroso por abusos sexuais ocorreu no século 17 em torno das escolas pias do aragonês são José de Calasanz. Um de seus colaboradores, Stefano Cherubini, membro de uma família bem relacionada no Vaticano, teve tanto êxito no encobrimento de sua pederastia que chegou a ser o superior da ordem, derrubando de má forma o fundador. Inocêncio 10º demorou 15 anos para tomar medidas e a ordem foi temporariamente fechada.
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
domingo, 21 de março de 2010
"Será que virão outros?" Bom, vieram...
Novas e velhos notícias (tudo se repete, repete, repete...). Mas o que mais me assusta é o Diego Maynard falando bem de Ratzinger no Manhatan Connection. Mas vamos a notícia.
Após papa pedir desculpas, Vaticano diz que investigará denúncias na Irlanda
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