quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

CF 2010




Se eu acreditasse que alguma Campanha da Fraternidade fez a igreja crescer espiritualmente e melhorou a vida dos seus féis, eu diria que esta Campanha da Fraternidade é a mais feliz dos últimos anos.

O tema, anualmente revisitado no Evangelho do dia, em que Jesus se contrapõe diretamente à ganância e ao dinheiro, é perfeito para os nossos dias.

Será que para servir a Deus são necessários carros importados? Anéis de ouro? Estolas de renda? Apartamentos de Luxo? Adegas elétricas? Celulares de última geração? Aparelhos eletrônicos programadores dos sinos das igrejas?

Será que é mesmo preciso cobrar pela intenção de uma missa? Ou exigir valores mínimos para batizar, casar ou enterrar alguém? Praticar a chantagem, transformando dízimo em obrigação, até para quem não tem o pão de cada dia?

Num tempo de Padres cada vez mais mercenários, este tema seria muito importante para conscientizá-los de que, na verdade, deveriam ser missionários...

Há os que levantam fundos e mais fundos públicos, para reconstruir templos de pedra. E se esquecem de reformar seus túmulos caiados...

Há os que simplesmente exploram os paroquianos e sua boa vontade, transformando-se em verdadeiros abutres das aposentadorias de suas beatas.
E se esquecem de que terão de prestar contas a Deus...

Há os que se esbanjam de status e fazem as paróquias ricas e só se sentam na mesa dos que as sustentam, comendo na mão deles o Pão amassado pelo demo...

E há os que tem verdadeira vocação.
Estes também tem seus erros, quem de nós não os tem? Mas são capazes de reconhecê-los, são capazes de buscar coerência, de clamar por justiça, de batalhar pelo inocente, de enfrentar os poderosos, de abraçar o humilde, de honrar sua missão.

Estes não precisariam deste lembrete que a CF propõe.

E os outros, os que tanto precisariam, olham com descrença a atitude de seus bispos e simplesmente desacreditam a CF.

E vai ficando tudo na mesma.

E tem leigo que gosta, que incentiva, que pactua...

Ce la vie!Est l'église...

4 comentários:

R. Giskard Reventlov disse...

Realmente, ótimo tema pra uma CF.
Aliás o melhor desde o de 92: Fraternidade e Juventude.
Tomara que não tenha o mesmo destino.

Descrença e contradição... o tema era juventude mas as músicas eram do tempo do ronca!

Pra ficar na mesma basta que para o tema de 2010 as paróquias promovam eventos caros par angariar mais fundos sem prestação de contas para no final... sumir como o vento.

Didier disse...

Fico pensando o que é mesmo que tudo isso tem de "fraterno"...

Anônimo disse...

o autor deste blog sabe o que a vida de um padre? Sabe que eles sao pessoas como qualquer uma outra, nao sao anjos e se nao o sao precisam sobreviver e devem sobreviver com o fruto do seu trabalho. Vc sabe que é LEI cobrar esportula de uma missa seja ela qual for. Que o padre tem direito ao seu salario? os padres precisam comer, vestir, ser gente, viver dignamente. Se há exageros, em todos os campos da vida há. Tiremos os exageros. PEnso que vc deveria conhecer melhor a realidade para fazer um blog simplesmente para dizer besteira, falar de um assunto que vc nao conhece, pelo que parece. Mas enfim, é quaresma é tempo de perdoar e como Jesus disse eu vo repetir. Pai perdoa-lhe ele nao sabe o que fala. Cuidado pra nao ficar falando besteira a respeito de um assunto que vc nao conhece. É MELHOR NAO FALAR NADA.
Com respeito Marcio Lacerda.

Didier disse...

Prezado Lacerda
Obrigado por contribuir!
Aqui, diferente de outros lugares, o direito à opinião, mesmo que contrária, é sempre respeitado.
Diferente do que você imagina, conheço bastante a realidade da igreja, faço parte dela.
Peço perdão se , de alguma forma, você se sentiu ofendido com minhas palavras mais fortes, mas não as generalizaria falando que é besteira, como você o fez.
Vou lhe dar quatro exemplos da realidade atual dos "padres" aos quais me referi:
- Você já viu um padre exigir "pagamento adiantado" para celebrar uma missa de corpo presente em um cemitério? Eu já!
- Você já viu um padre, sem qualquer combinação anterior, devolver um cheque de R$ 400,00 (quatrocentos reais) pela celebração de um casamento, dizendo que era pouco diante do resto que foi gasto? Eu já!
- Você já viu um padre dizer para quem quiser ouvir que ele não era padre para receber um mísero salário de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais)? Eu já!
- Você já viu um padre dizer que é normal pagar propina a integrantes do governo, desde que este integrante destine uma verba generosa para a sua igreja? Eu já!
Nada contra o Padre ganhar honesta, ética e coerentemente o seu dinheiro. Sou o primeiro a defender esta bandeira.
Mas o que tenho presenciado, meu amigo, e é contra isso que eu grito (como Jesus fez com os vendilhões do templo) é que o vil metal está, para muitos padres, muito acima do que a sua vocação.
E isso não é besteira!
Não sei se você é padre, irmão de padre, amigo de padre, ou um destes defensores cegos de qualquer religioso. Mas é justamente por considerar o padre um ser humano como outro qualquer que exijo dele a mesma postura coerente com sua "profissão" que exijo de um médico, de um advogado, de um engenheiro, um arquiteto, etc, etc etc.
Exigir dinheiro no bolso antes de confortar uma família de luto é uma atitude cristã?
Não negociar previamente o valor de um casamento e depois devolver um cheque de R$ 400,00 é uma atitude honesta?
Considerar pagamento de propina uma coisa normal é uma atitude ética?
Me perdoe mais uma vez...
Mas a igreja está repleta de padres que pensam e agem assim.
Então, como vê, não é nenhuma besteira cobrar coerência entre discurso e atitude. É dever cristão.
Agradeço mais uma vez sua contribuição. Ela nos dá a oportunidade do diálogo, outra coisa que anda faltando em nossa igreja católica.
Grande abraço em Cristo.