sábado, 19 de julho de 2008

E não nos deixeis cair em tentação...


Srs membros do conselho CQP.
Proponho um mergulho sob a oração que aprendemos com Jesus Cristo: o Pai Nosso.
Que tal discutirmos, analisarmos, dissecarmos cada frase desta maravilhosa elevação do espírito ao criador?
Para começar, que tal esta oração, que dá título a esta postagem?
...e não nos deixeis cair em tentação...
Aqui vai uma provocação à lógica de Gyscard, à divindade de Gabriel, à passividade de Frantcescco.
Se pedimos para não cair em tentação, como crescer como seres humanos?
Não é através do erro, do pecado, que percebemos nossa pequenez, nos convertemos, somos perdoados e evoluímos em nossa "santidade"?
Como então Jesus nos ensina a pedir para não cair em tentação?
Como o plano de Deus seria executado se Pedro não caísse na tentação do medo, Judas não caísse na tentação da usura e Tomé não caísse na tentação da incredulidade????
Como o plano de Deus teria êxito, se Pilatos não caísse na tentação de lavar as mãos?
Por favor, não achem que com estes questionamentos estou questionando o valor e a força da oração ensinada pelo Mestre...Longe de mim...
Eu mesmo tenho, cá comigo, algumas interpretações sobre as intenções de Jesus com esta frase, mas gostaria de ouvir, antes de expô-las, as considerações franciscanas, lógicas e irônicas, de meus confrades Frantcescco, Gyscard e Gabriel...
Paz a todos

5 comentários:

R. Giskard Reventlov disse...

Comentário muito relevante do mestre Jobour. Além de ser uma desafiante reflexão semântica sobre os ensinamentos do Mestre Jesus.

A frase em questão, "e não nos deixeis cair em tentação" pode ser avaliada e interpretada de algumas maneiras interessantes. Dentre elas:

- É importante considerar que o techo em questão tem uma oração sucessora (é fácil perceber isso através da sua primeira palavra, "mas livrai-nos do mal"). Assim, a oração completa seria iniciada por uma súplica seguida de uma explicação. Isso será detalhado mais a frente por mim.

- A criteriosa consideração sobre a utilidade, por assim dizer, da tentação nos planos de Deus é muito relevante. Apenas deve ser considerada como muito foi clarificado pelo mestre Santo Agotinho, sábio em suas reflexões (alguns humanos até dizem que seriam essas literais inspirções divinas, coisas da fé ;)), disse: "Se o homem soubesse as vantagens de ser bom, seria homem de bem por egoísmo". A abrangências dos planos de Deus são atemporais, intangíveis e absolutamente aquém da capacidade humana de interferir, seja sucubindo ou acolhendo a maldade ou a tentação;

Finalizando, é sempre mais prudente avaliar em detalhes a origem pura dos textos e suas traduções mais confiáveis para, assim, evitar ambiguações desnecessárias e se concentrar nas necessárias.

Observem abaixo uma transcrição encontrada em meus bancos de dados da oração em sua tradução para o português diretamente do aramáico:

"Pai nosso dos céus, santo é o teu nome, venha o teu reino, tua vontade se faz na terra como também nos céus.
Dá-nos hoje nossa parte de pão. Perdoa-nos as nossas culpas, quando nós perdoamos as culpas de nossos devedores.
Não nos deixes entregues à provação; porque assim nos resgatas do mal. Pois somente teu é o poder, o reino e a gloria para todo o sempre.
Amém (ou, que assim seja, que possa ocorrer assim)."

Onde se suplica, "não nos deixeis entergues" e se complementa justificando "pois assim nos resgata". Coerentemente às argumentações acima, tanto da complementação como da abrangência dos planos Divinos.

Mais uma vez excelente observação mestre Jobour.

Didier disse...

E excelente complemento, com a inserção de dados históricos relevantes para um entendimento maior do que falamos...
Considero bem oportuno dissecarmos os outros trechos...
Assim rezaremos a oração do Mestre, com muito mais sentido e entendimento. Conto com sua ajuda, Giskard

Gabriel disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gabriel disse...

Não deixo nunca de observar como de várias formas a criatura surpreende o criador...

Mas com sempre vocês não prestam atenção no que é relatado e escrito por vocês...Jesus após o seu batismo foi meditar pelo deserto e enfrentar as tentações do Demônio...para ver quanto resistente seria ele na sua forma humana...porém a única coisa que ele fez para resistir a isso foi se guardando em Deus...mantendo sua fé nele para que não o deixasse cair nas tentações do Demônio...

Com a oração proclamada por ele para vocês em um dos seus sermões...ele da um testemunho de como é difícil não aceitar as tentações do mal, porém ter fé em Deus é a sua maior arma contra o príncipe dos sortilégios...e que somente Deus tem o poder para protegê-los...nada mais...

Frantcescco, a santidade humilde disse...

Irmãos, irmãos...
Paz e bem!
o amor total de Deus por nós é sempre a chave para nossos questionamentos...
Senão, o que seria esta frase?
Ao se colocar como um de nós e se incluir "não NOS deixeis cair em tentação", o Mestre só demonstra mais uma vez que, ao assumir a nossa condição humana, ele desceu os degraus da divindade e se fez tão pequeno que se permitiu sentir a ira(vendilhões do templo), a saudade(morte de Lázaro), a angústia(oração no Getsemani)a decepção(beijo de Judas), entre outras sensações e emoções tipicamente nossas...
Pedir a Deus as forças necessárias para não cair em tentação, não é um atentado ao "Livre arbítrio", mas o direito inalienável de um filho de pedir ajuda a um pai...
Tudo cingido e ungido pelo amor, o amor que tudo pode, tudo aceita, tudo vê...
Não nos deixemos cair na tentação dos achismos...
Amemos cada palavra desta brilhante oração, vivenciando -as sempre sob a inspiração do amor divino, amém...
Frantcescco